Hu hu hu Circo Teatro - São Luís/ MA

A Hu hu hu Circo Teatro funciona como laboratório itinerante desde o seu surgimento, tendo representação em Balsas e São Luis em conjunto com a Organização Cultural Fabula, Núcleo de Arte PERMACULTURA (sistema de design para criar ambientes humanos sustentáveis e produtivos, em equilíbrio e harmonia com a natureza) propõe a pesquisa do teatro Mambembe, do ator histrião, a mala e a trouxa (fardo de roupas) se abrem para a descoberta e mistérios, é um experimento Cênico resultado do trabalho colaborativo da oficina a Construção do Palhaç@ direcionada para uma vivência ligada a natureza com a mensagem do cuidado com a MÃE TERRA.

Nesta oficina de iniciação, descobriremos como tirar a máscara do cotidiano, trazendo uma verdadeira presença e estado cênico, através de exercícios do universo lúdico e jogo."A descoberta do palhaç@", que despertará a criação artística a partir do contato com este gênero popular de teatro de rua. Com estudo do tempo cômico, dupla de palhaços, entradas e saídas. Buscando a conscientização e o resgate de valores humanos, tais como: alegria, cooperação, amizade e a criatividade presente na cena cômica do palhaço. Aplicar uma pesquisa de linguagem corporal a partir da filosofia da Permacultura.

Estamos saindo hoje de São Luís com o roteiro: Maranhão, Tocantins destino a Terra Ronca ( chapada dos Veadeiros- Goias) onde nos reuniremos para celebrarmos mais um ENCA- Encontro de Comunidades Alternativas.

¯ Nome: “ Mala & Trouxa”

¯ Pesquisa: A descoberta do palhaço

¯ ator: Andre Coelho- palhaço Biruta Lelé da Cuca

¯ Atriz: Armênia Rangel- palhaça Doidivana do Mel do Melaço da Cana

¯ Espaço: Rua, Praças

¯ Endereço: Rua das Hortas, 201, Centro, São Luís\ MA.

¯ Fone: 3232 2325

¯ Email: huhuhucircoteatrorua@hotmail.com , andrebiruta@hotmail.com,armeniarangel@hotmail.com

www.fabula.tv

Raquel Franco - São Luís - Maranhão

Sou Raquel Franco Atriz, Palhaça, Circense e Historiadora nas horas vagas.Trabalho na rua a 10 anos, já passei por sinais de trânsito, praças, ruas, florestas circulando todo o Brasil. Maranhense da ilha de São Luís sou componente do Movimento de Circo e Teatro de Rua do Maranhão um coletivo de grupos artistas que juntos buscam comprender, apefeiçoar e construir caminhos para o Circo e Teatro de Rua. Sempre trabalhei na rua e muitas vezes esta no palco é até desconcertante mas tambem estou nele com meu trabalho, integro o elenco da Cia Tapete Criações Cênicas. Atualmente apresento e pesquiso continuamnete um novo trabalho "Circuluz Brincante" espetáculo de rua que dialoga circo, teatro e cultura popular.
um pouco mais sobre meu trabalho é so olhar e podem colocar no blog da rede se puderem:
http://brincantenarua.blogspot.com


Abraço a todos!
Raquel Franco
Palhaça keke kerubina

Leo Carnevale - Rio de Janeiro

Ator, diretor e palhaço. Inicia na carreira em 1987. Em 1999 começa a investigar o palhaço e a comicidade popular. Vem apurando o trabalho cênico com vários mestres da arte cômica como: Tortell Poltrona, Chaco Vacchi, Loco Brusca, João Carlos Artigos, Leris Colombaioni, e outros. No ano de 2002 cria o projeto “Passeios de Quarta” e durante dois anos sai pelo bairro da Gloria, R.J., com seu palhaço Afonso Xodó. Em 2005 monta o espetáculo solo “Pulitrica”, fruto de sua experiência na rua aliada à pesquisa da arte mágica. Tem levado o espetáculo para vários estados do Brasil, participando de mostras e festivais.


Participações em Festivais e Mostras pelo Brasil, com o espetáculo "Pulitrica": Anjos do Picadeiro, 34º Festival de Inverno de Itabira, Maratona de Artista de Rua.com, Festival Nacional de Teatro de Ipatinga e III Festival de Teatro de Afonso Cláudio, onde ganha os prêmios de Melhor Ator, Melhor Espetáculo de Rua Júri Oficial e Melhor Espetáculo de Rua Júri Popular.
Participa do Conselho de Administração do CBTIJ e cria o Núcleo de Teatro de Rua do CBTIJ – Boa Praça. Produz primeiro projeto: o espetáculo de variedades "Vem que Tamú Chegando", que circulou por 12 praças do estado do Rio de Janeiro. No ano seguinte, cria o segundo projeto do núcleo, intitulado "Solos de Quintal" realizado na Praça do Largo do Machado, em todos os finais de semana de março.

Dirigiu vários espetáculos como "Balaio de Saias", do núcleo de Folguedos Populares "As Três Marias". Atualmente faz parte do elenco da noite de variedades do espaço do Teatro de Anônimo, intitulado "Noites de Parangolé". Coordena o Projeto Boa Praça que no seu III Ano ocupa a Quinta da Boa Vista no Rio de Janeiro realizando sempre no último domingo de cada mês três apresentações de Circo/Teatro.


http://pulitrica.blogspot.com/

1° Encontro Estadual da Rede de Teatro de Rua do Ceará

Nos dias 12 e 13 de junho, na Cidade de Arneiroz, Ceará, aconteceu o 1° Encontro Estadual da Rede de Teatro de Rua do Ceará, tivemos 51 artistas, que participaram ativamente de uma série de reuniões. Como bem sabem todos os que já ouviram algo sobre o Ceará, por vezes tivemos problemas de articulação. Mas agora a conversa é outra. Uma série de reuniões aconteceu após meu retorno da ALDEIA DE ARCOZELO, conseguimos articular nossa participação no IV Festival dos Inhamuns - Circo, Bonecos e Artes de Rua.

O MOMENTO É OUTRO.

Diferente de somente ficarmos como "ilhas flutuantes" agora nos encontramos. Ampliamos nosso contato enquanto artistas, saimos daquela motivação que muitos alimentam, de somente nos encontrar para apresentar espetáculos, numa mostra ou num evento. Claro que a apresentação de nossos espetáculos justifca nossa existência. Mas estávamos juntos para pensarmos nosso trabalho e como ele deverá estar politicamente inserido. Algo difícil, ainda mais se falamos do ranço que temos com os movimentos teatrais em nosso Estado.

O IV Festival dos Inhamuns - Circo, Bonecos e Artes de Rua foi organizado por um grupo de teatro de Rua, chamado ARTE JUCA, dirigido por Robson Cavalcante, e composto por adoráveis atores e atrizes. Eles fizeram a produção e ainda tiveram tempo pra acompanhar o Encontro da Rede.

Tivemos atores e atrizes de vários cantos do Ceará, e ainda a pertinente participação de Licko Turle, diga-se de passam alguém indispensável num momento como este que estamos vivendo no Ceará. Claro que queria muito que tivéssemos muitos de outros Estados, mas vamos caminhando, já já o Brasil todo passa por aqui.

Este encontro da Rede foi resultado de uma articulação que conseguimos junto a Secretaria de Cultura do Estado, um ônibus, alimentação e hospedagem para 45 artistas realizarem o 1° Encontro da Rede. Saimos de Fortaleza e já no meio do caminho, ainda no ônibus, fizemos nossa 1ª reunião. Sim, sobre 4 rodas e entrando pelo Sertão, estávamos lá, conversando sobre nossa pauta e como seguiria nossa rotina diária no Festival.

Já em Arneiroz (cidade que nos recebeu) fizemos nosso encontros no Salão Paroquial da Cidade. Uma grande roda com jovens e veteranos artistas. Distribuímos nossa Carta de Arcozelo, conversamos sobre as diretrizes da REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA, sobre o que é esta REDE, sobre quais a políticas públicas que temos em nossos Estados e em nossos municípios, a ocupação das praças, sobre a Cooperativa Cearense de Teatro, sobre editais, sobre a circulação dos espetáculos e mapeamento dos grupos.

Conseguimos ainda a presença de três gestores públicos, dois do Ministério da Cultura
(a assessora da Secretaria Executiva do Ministério, Alexandra Costa, ela trabalha diretamente com Gustavo Vidigal, aquele que participou do nosso 4° Encontro da Rede em SP e um Consultor do Ministério), além de uma gestora da Secretaria da Cultura do Estado.

Na volta do Festival fizemos mais um reunião sobre 4 rodas. Isso é que é ser itinerante. (rsrsrsr)


E hj teremos a leitura da Carta de Arneiroz, na Praça do BNB e convidados muitos que não estiveram nos Inhamuns.



Abraçosss


Vanéssia Gomes
Teatro de Caretas

Marcelo Perez - Boa Vista - Roraima

sou Marcelo Perez, fundador e
integrante da Cia. do Lavrado, criada em 2005, na cidade de Boa Vista,
estado de Roraima. Dirijo, produzo, escrevo e elaboro projetos dentro
da companhia, e sou o atual diretor geral.
Junto com a Cia. do Lavrado participei dos projetos: O Pastelão e a
Torta, A farsa do Advogado Pathelin, A Retrete ou a Latrina, Homens,
Santos e Desertores, Por que a gente é Assim?, Positivo. E a vida
continua..., Quem disse que a decisão deve ser dele?, As Angústias de
D. João, e ainda a leitura dramática de O Visitante e As Criadas.
Atualmente estou envolvido nos processos de trabalho de Aburdópolis,
que nos perdoe Aristófanes e Apenas um blues e uma parede pichada.

Sou ator, formado pela CAL (turma de 1997), estudante de Letras/ Literatura.

Hélio Fróes - Goiânia - Goiás

Formado em Comunicação Social (1999) pela Universidade Federal de Goiás e com Especialização em Filosofia da Arte, pelo Instituto de Filosofia e Teologia da UCG.

É fundador da CIA DE TEATRO NU ESCURO, onde atuou nos espetáculos: Três Por Três, Lá Vai o Rio!, Seu Palácio Conta Estórias, Carro Caído, Melodia Parati, Acústico, Vila Mariote, Envelopes e Preciso Olhar e dirigiu O Cabra que Matou as Cabras e O Alienista. Com a Nu Escuro já fez várias apresentações pelo Brasil e exterior, recebendo vários prêmios e homenagens, como o de Melhor Ator no Festival de Teatro do Estado de Goiás (1998), Melhor ação em Patrimônio Histórico, pelo IPHAN (2000), Caravana Funarte, pelo Ministério da Cultura (2004), o Destaque Cultural do Ano, pelo Conselho Estadual de Cultura de Goiás (2005), o Prêmio Agepel de Teatro (2005 e 2006) e o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz (2006 e 2010).

Recebeu o prêmio de melhor roteiro pelo Festicine com a adaptação da peça de teatro de bonecos Envelopes para curta-digital, com o título Sob a Terra Vermelha. Também recebeu Prêmio de Estímulo a Criação Artística da Funarte, na categoria de Dramaturgia com o projeto O Iconógrafo.

Sua experiência de ator também está associada a trabalhos como: Language, de Sandro di Lima; Memória Roubada, de Hugo Rodas; Formiga da Roça, do Teatro que Roda; e mais de 15 curtas-metragens em vídeo e cinema.

Foi assistente de direção nas peças A Visita da Velha Senhora, direção de Sandro de Lima; Melodia Parati, de Reginaldo Saddi; Auto da Paixão de Cristo, de Shell Jr e Júlio Van; e Envelopes, de Izabela Nascente. Este último também foi autor do texto em parceria com Abilio Carrascal. Também escreveu as peças O Cabra que Matou as Cabras e Boa Medida.

Foi professor e diretor do Grupo Pronto Sorriso, de intervenção hospitalar na Pediatria do Hospital das Clinicas, pela Faculdade de Medicina da UFG (1998 à 2003). É professor de Teatro no Circo Laheto. Ministrou várias oficinas de teatro em Goiás, Tocantins, Distrito Federal, Bahia e Bolívia (Sucre e La Paz).

http://www.nuescuro.com.br/
identidadenuescuro.blogspot.com
twitter.com/nuescuro

Casal de Palhaços no Mais Você

O Mais Você escolheu um casal diferente, fora dos padrões, para servir de inspiração neste Dia dos Namorados! Richard Riguetti e Lilian Moraes são palhaços e casados há 21 anos! “Nos conhecemos na aula de teatro e nos apaixonamos imediatamente. Na época segurei um pouco a onda porque que eu era professor, mas depois começamos a namorar”, disse ele.

Lilian explicou que a relação dos dois foi amadurecendo com o passar dos anos. “Por um lado é difícil trabalhar com quem você é casado, mas a relação amadurece com o passar do tempo. É algo que fomos construindo”, falou ela.

Ana Maria recebeu o casal, que entrou na casa do Mais Você vestido à caráter!

Link da matéria:
http://maisvoce.globo.com/MaisVoce/0,,MUL1192078-10345,00-CASAL+DE+PALHACOS.html

Angra dos Reis celebra o teatro de rua

Por Adailton Alves – Ator e historiador, convidado do Encontro.

O XIV Encontro Nacional de Teatro de Rua de Angra dos Reis, que ocorreu de 07 a 10 de maio de 2009, recebeu grupos de teatro de rua de várias partes do país, montando um painel do que vem ocorrendo nesse seguimento pelo Brasil. Além de mais de duas dezenas de performances, a programação contou com quinze espetáculos de nove estados, seminários e oficinas. O Encontro teve a curadoria de Licko Turle e Jussara Trindade, pesquisadores e doutorandos da UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), organizadores do livro sobre o Tá Na Rua. A realização é da Cultuar (Fundação de Cultura do Município de Angra dos Reis), que tem na presidência Mário dos Anjos, que não é apenas um homem público, mas um fazedor de teatro, o que fez a diferença, pois mesmo com poucos recursos tornou o evento muito digno para os teatristas de rua.
A tônica maior foi a diversidade, que contou com espetáculos que englobavam do mamulengo ao teatro grego, passando pelo teatro imagético e pelo teatro experimental; grupos muitos experientes com décadas de existência (e resistência), como o Carroça de Mamulengo, do Ceará com mais de três décadas, o Pombas Urbanas, de São Paulo com duas décadas de vida, o Teatro Andante de Minas Gerais, com dezenove anos, bem como grupos jovens, como a Cia Gente de Teatro, da Bahia, com três anos de existência.
Não faltou público para as produções que se apresentaram na programação, tanto os espetáculos como as performances, bem como as rodas improvisadas por alguns artistas, que na ânsia por trocar com os colegas presentes abriram outras rodas fora da programação oficial.
Pela diversidade dos espetáculos, de linguagem e das formas de uso do espaço aberto, é difícil dar conta desse Encontro. O texto, portanto, não tem por objetivo cobrir essa diversidade. Cabe alertar ainda que, os espetáculos e os grupos citados aqui têm como referência as apresentações vistas no Encontro, qualquer crítica não desmerece sua história anterior ou posterior. Cabe dizer ainda, que nem todos serão citados, foi necessário um recorte para não tornar o texto longo demais.

Os espetáculos

O Encontro foi aberto pela Carroça de Mamulengo, um grupo familiar, que fica muito a vontade na rua com seu público. A programação atrasou por causa da mudança de local do espetáculo Histórias de Teatro e Circo, transferida para uma lona, pois havia a possibilidade de chuvas, o que não ocorreu. Maria Gomide, que conduz o espetáculo com sua voz magistral, cantando lindas canções, explicou a todos os presentes o motivo do atraso e a necessidade de afinar-se com a técnica, para poderem realizar um bom espetáculo. Nesse diálogo franco a atriz/cantora, demonstrou um duplo respeito, tanto ao seu trabalho como ao público, provando que a arte popular tem muito refinamento. Ali não havia espontaneísmo, mas sim o apuro de muito trabalho, um refinamento em lidar com o singelo. Todo o rigor e a beleza do popular estavam presentes no repertório musical, na técnica de manipulação dos bonecos, no figurino, na apresentação das personagens (montadas na frente do público) e nos efeitos pirotécnicos (um lagarto que cuspia fogo, arrancando calorosos aplausos da platéia. O jogo com a platéia era vivo e atingia a todos, a prova é que uma criança bem pequena (uns dois anos de idade, se tanto) entrou em cena para tocar seu personagem favorito, um carneiro. A música é fundamental no espetáculo, tem função dramatúrgica, sendo executadas ao vivo. Os atores/manipuladores/palhaços cantam e tocam diversos instrumentos, mostrando a importância dos atores completos na rua. Todos os artistas têm excelente domínio da rua, sabem o que fazem, inclusive os mais jovens, como as gêmeas Isabel e Luzia Gomide, ambas com oito anos de idade.

A Cia Chegança, de São Luis do Maranhão, apresentou A mulher que vendeu o marido por R$ 1,99. O grupo demonstrou certo nervosismo, faltando escuta no jogo com a platéia. O espetáculo teria um maior ganho se os atores fechassem uma roda menor, isso porque o local era barulhento e o público ficou disperso. A voz dos atores, pelo tamanho do espaço escolhido, perdeu-se um pouco, nos alertando para a importância de um trabalho vocal profundo para o ator de rua, posto que as cidades, grandes e médias têm ficado cada vez mais ruidosas. Caberia outra discussão sobre o uso ou não de microfones, já que, no geral, esses equipamentos deixam os atores limitados, muito mais preocupados com os aparelhos do que com o seu gestual. Não foi o caso dos maranhenses, que optaram por não usarem este tipo de equipamento, mas perdemos muito do que diziam. O espetáculo da Cia Chegança trouxe para a cena a discussão de gênero, no entanto, o problema social no qual estão inseridos as personagens é muito mais profundo e talvez devesse ser melhor trabalhado. No entanto, foi uma boa oportunidade de ver as produções nordestinas que quase não vem ao sudeste, embora muitas das produções façam o caminho inverso.

A noite os Irmãos Brothers debutaram apresentando 15 anos Irmãos Brothers, nos deliciando com o universo do circo, apresentando ao público seu repertório de números circenses, desde os mais antigos, do começo de sua história aos mais recentes. Os palhaços jogam bem com a platéia e a maneira como foi estruturado o espetáculo é para grandes platéias, com cara de mega produção. As pequenas perdas deram-se por conta da música gravada, nem sempre precisas com o humano, o vivo. Mesmo assim, o que seria “erro”, foram aproveitados pelos palhaços para fazerem mais graça. O repertório apresentado passou pela contorção, números de efeitos, mágicas e acrobacias.

No dia 08, pela manhã, a programação iniciou-se com a Cia Mumulendo da Folia e o espetáculo A folia no terreiro de seu Mané Pacaru. O espetáculo foi realizado em conjunto com o público, que alegremente topou cada participação. O brincante Danilo Cavalcanti, apoiado pelo Trio Agrestino, utilizou muito bem esse jogo com a platéia, assim como outros recursos populares, como, por exemplo, a apresentação de cada personagem. Ficou claro que havia um roteiro (canovaccio), conhecido apenas pelo manipulador, mas através do jogo com a platéia foram juntos construindo o espetáculo. A história tem um mote simples: Benedito vai casar com a filha de seu Mané Pacaru e o diabo quer acabar com a festa, levando todos para o inferno. Aqui vemos a beleza da cultura popular, que mistura o mágico com o mundo real sem preconceitos. No desenvolver da brincadeira, o bricante aproveitou para rebaixar as ditas autoridades militares, religiosas e o patrão de Benedito. O “herói” Benedito, com suas pauladas, resolve os problemas, extravasa juntamente com o público seus medos, que são impostos desde cedo pelo credo ou outras vias da estrutura ideológicas. Assim, Benedito vence a morte, o capeta, a miséria e as autoridades. Os aplausos da platéia, quando o policial leva cacetadas de Benedito, é uma demonstração que este aparelho repressor não está a serviço dos populares. Aliás, as pauladas ou a intenção de ministrá-las tornou-se um bordão no restante do Encontro, pois sempre que um boneco iria apanhar, o manipulador anunciava que iria “dá o remédio”, dessa forma a cada suposto problema que surgia entre os participantes do Encontro falava-se: “dá o remédio para ele!”

A Grande Cia. Brasileira de Mistérios e Novidades, sediada entre Rio e São Paulo, levou ao Encontro o ousado Cíclopes. O espetáculo, um dos poucos dramas satíricos da Antiguidade que sobreviveram, conta a passagem da Odisséia em que Ulisses encontra o gigante de um olho só, o Cíclope. Os artistas nos conduziram para as origens do teatro de rua, ou o que imaginamos que tenha sido, uma ‘procissão’ ditirâmbica em que os atores, com sua carroça e seus instrumentos musicais nos narram a história. A companhia mostrou que boas histórias, independente de qual época elas sejam, são sempre bem-vindas. Cabe destacar o excelente trabalho realizado nas pernas de pau, pois ao mesmo tempo em que agigantavam os atores impunha um risco o tempo todo aos mesmos, envolvendo a platéia em um misto de encanto e medo, com seus movimentos cheios de estripulias.

A Cia. Gente de Teatro, de Salvador, Bahia – creio que era o grupo mais jovem na programação, apenas três anos –, apresentaram o espetáculo Cordel do pega pra capá, em que as questões sociais estavam presentes na feira onde tudo era vendido, mas os feirantes tinham que fugir do rapa, uma briga constante pela sobrevivência. O grupo domina muito bem a linguagem popular e utilizou muito bem as falas em coro, usou o hiperbólico e abusou de duplos sentidos em uma voz antinatural. Cabe destacar ainda o trabalho corporal do elenco. O espetáculo tem um ritmo musical, é dinâmico e envolvente. Por fim, é importante dizer que o grupo foi o único que se preocupou em buscar as referências do lugar para inserir no espetáculo, tornando as piadas conhecidas, o que fez com que ganhassem mais facilmente a platéia.

O único representante da cidade a apresentar um espetáculo – os demais apresentaram performances –, a Cia da Lua, apresentou uma história do lugar: A lenda da Bica da Carioca. O cenário foi a própria bica. Mas há equívocos na apresentação. O grupo levou para a rua um espetáculo com quarta parede, criando inclusive coxias. Os atores passavam no meio do público sem vê-los e sem dialogar com os mesmos. Além disso, o espetáculo contava a história do ponto de vista da classe dominante, mas a platéia, em sua quase totalidade, era composta por trabalhadores. Aqui merece uma reflexão a cerca da responsabilidade de se levar um espetáculo para a rua, posto ser este um espaço de todos, mas é ocupada principalmente pelos populares, já que os ricos evitam a rua. Não se trata de levar espetáculos ‘para os pobres’, mas justamente de espetáculos que rompam com as classes sociais ou discuta problemas da classe que os assiste, pois podemos acabar reforçando idéias que não nos pertence.

A Cia de Teatro Nu Escuro, de Goiânia, Goiás, levou uma adaptação da farsa medieval do Advogado Pathelin, misturando com o cordel e nominando-o de O cabra que matou as cabras. O grupo bebeu na teoria do realismo grotesco do russo Mikhail Baktin, criando personagens com corpos deformados, em que prevalece o baixo corporal e o duplo sentido. Logo no começo do espetáculo o ator/narrador pede para que acreditem no que irão narrar, senão uma caganeira os acometerá; este recurso de praguejar o público é utilizado por Rabelais em Gargântua e Pantagruel, obra estudada pelo teórico russo, é também uma forma de demonstrar para o público que atores e platéia são iguais, são do mesmo extrato social, são cúmplices, assim a confiança fica estabelecida. Este é ainda um recurso carnavalizante, que põe por terra as boas maneiras, as normas tão presentes na arte burguesa. Ainda dentro do universo carnavalizante, um outro recurso usado pelo grupo ao longo do espetáculo foi a paródia, que apareceram em orações e nas músicas conhecidas que foram reelaboradas. Todos são recursos cômicos largamente usados no seio popular. Aliás, este foi o grupo com as piadas mais picantes, demonstrando que estudaram muito bem o universo em que se embrenharam.

O grupo formado em São Paulo pelo peruano Lino Rojas em 1989, Pombas Urbanas, apresentou Histórias para serem contadas, um texto do argentino Oswaldo Dragún, escrito em 1957, mas extremamente atual. Mostra como o trabalhador comum é explorado. Destaque para o homem que virou cachorro, uma crítica ao subemprego que estão submetidos boa parte dos brasileiros. O grupo utiliza bem a narrativa falada e musicada; poderiam se valer desse recurso para deixar a primeira história um pouco mais direta, resolvendo repetições na dramaturgia. Poderiam ainda, utilizar mais a música ao vivo, fortaleceria o trabalho, afinal no grupo há músicos e todos os atores são experientes no espaço aberto, sabem, portanto, que este é um recurso muito forte para quem se dispõe a dialogar com o público da rua. Faltou ritmo ao espetáculo e as situações abordadas, por serem cotidianas, deveriam ser repensadas cenicamente, tornando-as mais imaginativas.

O Grupo Arte da Comédia do Paraná, levou ao Encontro Aconteceu no Brasil enquanto o ônibus não vem, um excelente pretexto para passear pela história do nosso país. Trata-se de um trabalho de máscaras, aliás, é importante dizer que são muito bem trabalhadas, tanto sua confecção bem como sua técnica, com triangulação impecável e gestos precisos. As máscaras da Commedia Dell`Arte foram adaptadas para a realidade brasileira, alguns tipos representam no espetáculo, estados brasileiros. Muitos dos problemas de nossa história vêm a baila nesse trabalho. Faltou um pouco mais de espaço para os atores se locomoverem e um pouco mais de volume de voz, mas a platéia permaneceu com eles até o fim, sinal de que foram conquistados pelo apuro técnico dos atores, bem como pela história que contaram. Um belíssimo trabalho com um ritmo contagiante!

Finalizando o Encontro o Grupo Teatro Andante de Belo Horizonte, Minas Gerais, apresentou A história de Édipo. Confesso que foi a primeira vez que vi uma tragédia na rua e foi realizada com poucas pessoas, quatro atores e um técnico apenas. Utilizando o recurso épico e a música ao vivo os atores deram conta do recado, realizando um bom espetáculo. Aliás, não necessitavam de microfones, pois o trabalho vocal dos atores é muito bom, tanto que um dos microfones falhou e o ator realizou sua função sem problemas. É um espetáculo muito bem feito, com excelentes atores, música bem executada, dentro de um tempo correto para o espaço aberto. O grupo mineiro está de parabéns!

A escuta na rua

Para finalizar é importante falarmos da escuta para todos aqueles que se dispõe a fazer teatro de rua. Tendo o Encontro de Angra do Reis como referência, pode-se perceber que muitos grupos dispõem de uma escuta refinada, outros nem tanto.
Mas o que vem a ser escuta na rua? Trata-se da possibilidade real de troca entre atores e plateia. Os primeiros, ao travarem um jogo com os espectadores através dos fatos narrados no espetáculo, podem despertar a reflexão nos mesmos. Estes, por sua vez, querem interferir na realidade da obra, já que a rua não pede passividade por parte da platéia. Quando o ator escuta, seja a interferência dos espectadores, seja a interferência do ambiente, abre a possibilidade de diálogo, podendo agregar a interferência ao espetáculo. O diálogo não precisa necessariamente ser travado apenas com a fala, mas também com olhares, com o corpo etc. A escuta, seguida da troca, torna o espetáculo mais dinâmico e verdadeiro. Assim, a rua é um local que exige a adaptabilidade dos atores as realidades impostas pelo ambiente e pela platéia.
Quando se troca verdadeiramente, o ator sai transformado, sente que ficou algo do que foi jogado para ele pela platéia, ao mesmo tempo ele deixou sua arte àquelas pessoas que o viram. Esse é o valor da escuta na rua: põe o ator em jogo direto com seu público. Dessa forma, ao mesmo tempo em que a obra, re-significa o espaço, pois possibilitou a troca simbólica durante o espetáculo, naquele espaço de tempo, os atores re-significaram também suas vidas, pois travaram um diálogo humano. Assim, não basta ir para a rua, é preciso escutar, dialogar e trocar experiências com os espectadores. Sabemos da dificuldade, mas os mestres populares estão aí para nos ensinar.
Que venha o XV Encontro, com mais diversidade, com mais escuta e mais troca entre os fazedores e, principalmente, entre os fazedores e os espectadores.

Encontro Nacional de Teatro de Rua de Angra dos Reis

I. TENTANDO UMA INTRODUÇÃO, por Alexandre Mate (1)

Em uma de suas sempre significativas reflexões, o pensador francês Michel de Certeau afirma que passado-presente-futuro combinam-se para ressignificar as vivências cotidianas do espaço, na “arte” do caminhar. Nessa medida, a memória como algo que se produz permanentemente refere-se, sobretudo, às vivencias dos sujeitos com a espacialidade. Se –ao se lembrar de algo apresentado em um espaço – o exercício de memória (exercício mnemônico) subtrai muito da paisagem social e de tantos de seus complicadores, passado algum tempo depois do evento, é preciso um grande esforço no sentido de tentar trazer à consciência a troca de experiência simbólica, proposta pelo espetáculo na rua.
Na retomada que vou tentar desenvolver agora, muitas das impressões que percebi no público – no período compreendido pela 14ª edição do Encontro Nacional de Teatro de Rua de Angra dos Reis, em que ocorreu o evento – é possível que se percam agora. Desse modo, se se lembra da obra, lembra-se dela subsumida do social. Nas práticas cotidianas, e talvez o mesmo pudesse ser dito em relação ao produzido pela memória há uma articulação, em um processo de vivência espacial, fragmentos, resíduos, ruídos e fantasmas que se incorporam nessa vivência produtora de sentido.
Entretanto, exatamente pela viver pressupor uma dialética permanente entre o que se ganha, ao se perder e vice-versa, vou tentar apresentar algumas das apreensões como participante crítico no evento acima citado. Vale destacar que não apresentei minhas apreensões antes por conta de excessos de trabalhos e de compromissos. Ter estado na bela Angra dos Reis foi um triplo privilégio, primeiro pela querida dupla formada por Licko e Jussara, a quem, e de público, agradeço o convite e a confiança; segundo pela oportunidade de assistir e trocar tantas impressões e apreensões durante o período de duração do evento e também pela acolhida, na bela – do ponto de vista humano e do natural – Angra dos Reis.
Em sua 14ª edição, o Encontro Nacional de Teatro de Rua, acontecido entre 07 e 10 de maio de 2009, em Angra dos Reis, será revisitado – e agora, cidade de São Paulo, três de junho do mesmo ano – com o objetivo de trazer alguns fragmentos de belos espetáculos que por lá se apresentaram.
Primeiro mérito precisa ser tributado à comissão de seleção, que soube criar uma programação representativa de diferentes experiências que podem ser levadas para a rua, objetivando principalmente a concepção e repertório, tanto dos fazedores de arte como aos apreciadores do teatro. Um painel diverso enriquece e amplia a potência de quem passa pelas ruas e, num momento de ruptura de sua cotidianidade dela espera algo significativo.
Apesar de Jussara Trindade, gentilmente, ter enviado todas as fichas dos participantes, algumas chegaram sem qualquer informação (parece que o arquivo veio “corrompido”), motivo pelo qual evito citar nomes de pessoas. Outra coisa, como já faz algum tempo em que o evento foi apresentado, é possível, mesmo fazendo algumas anotações, que me confunda em uma ou outra coisa. Desse modo, peço desculpas, caso tenha cometido algum impropério, tenha misturado impressões, tenha, enfim, trocado bolas...
Por último, não pude assistir a todos os espetáculos do evento. Desse modo, não vou, infelizmente (nesse momento, mas atento a outras oportunidades que apareçam), comentar todos os espetáculos. Positivíssimo, e facilitador, e pioneiro, e alentador foi a constituição de Núcleo Nacional de Pesquisadores de Teatro de Rua. Assim, trocas e encontros apresentam-se como vislumbres para um processo de trocas, permanentes, espero e vou batalhar.
Quis escrever esse texto (mesmo correndo “certo perigo”), para apresentar algumas impressões críticas, tanto por haver me comprometido com essa tarefa como porque acredito ser fundamental realizar todos os esforços no sentido de documentar as experiências e espetáculos que são levados às ruas, parafraseando Gonzaguinha: “Dessa imensa avenida chamada Brasil.”

II. APONTAMENTOS DO ASSISTIDO

Cia. Carroça de Mamulengos
Oficialmente, o evento inicia-se muito bem com o digníssimo grupo cearense, de Juazeiro do Norte, Cia. Carroça de Mamulengos apresentando Histórias de teatro e circo. Sob uma lona, por conta de durante boa parte da madrugada ter chovido, o espetáculo atrasa sua apresentação. Foi preciso transportar o equipamento de um lugar para outro.
Então, já no espaço de apresentação, há tempo para acompanhar a “passagem de som”. Com o violão dando completude ao corpo, a maestrina Maria Gomide – filha mais velha (?) da surpreendente mãe Schirley França: que tão belos seres colocou no mundo e em cena – coordenou trabalho de técnicos, no sentido de o som estar perfeito. No palco, acompanhando as evoluções de Maria, Beto Lemos e sempre com um sorriso rasgado, participava da festa também. Prova técnica, mas com os verdes olhos de Maria pousados na criançada, que lota a platéia, a todo o momento.
No espaço de representação, um palco formado por tábuas perpendiculares à platéia, limitado por tapadeira-empanado de chitão, prefigura uma teia de aranha. O atraso para dar início ao espetáculo foi grande, mas o prazer de assistir àquela passagem de som fez com que não se percebesse tanto o tempo correndo.
O espetáculo, com direção, criação e concepção de Carlos Gomide, inicia-se com um galo cenográfico e manipulado, que desfila sobre o empanado. O galo anuncia o início do espetáculo e o despertamento de vários bichos, que serão vestidos e mimados pelos atores da família...
Na platéia a criançada vibra entusiasmada pelo desfilar de diversos bichos, e fica enlouquecida quando um deles, o dragão Xodó, solta fogo pela boca. Pirotecnia do bicho e da platéia. Emociona ver a emoção infantil, partilhada, contaminando alguns duros corações.
Bastante emocionado por ver uma família tão linda, junta, apresentando-se, de modo tão harmonioso, penso porque gosto cada vez menos de espetáculos apresentados no palco... Nesse momento de devaneio reflexivo, uma criança desprende-se da mãe e vai até um “carneirinho” em cena para acariciá-lo... Ela o acaricia e conversa com ele: o que ela diz, claro, é um segredo!!! É isso, no devaneio, a resposta. No espetáculo de rua, que vislumbra a troca de relação e de experiência, como afirma a atriz Selma Pavanelli – do grupo paulistano Buraco d’Oráculo –, não se pratica o chamado “autismo estético”: atores e público se percebem e ressignificam, em igualdade, um momento vivido. Nenhuma parede ou muro existe para segregar, separar: os dois conjuntos se veem, ouvem o que um diz ao outro e preenchem uma relação presencial, repleta de tantas lacunas.
Isso me remete à realidade social de que faço parte, e ainda em estado de devaneio – mas sem perder dos olhos e do sentimento que corre o espetáculo –, indago-me acerca dos legisladores. Esses seres já foram crianças, têm filhos, netos, sobrinhos... veem as crianças e parecem esquecer de como são simples a totalidade de suas necessidades. Ao esquecer isso, esquecem tantas promessas feitas e que, por meio de votos, foram eleitos, sobretudo por tantos pais e mães, cujos filhos crescem, mas sem que cresçam as oportunidades que se lhes deve.
Apontando a importância da arte no processo de formação da criança, o importantíssimo crítico de artes plásticas, Mário Pedrosa, no texto Frade cético, crianças geniais, afirma:
A mais autêntica finalidade desse aprendizado [educação pela arte] é mesmo a de preparar a meninada para pensar certo, agir com justeza, manipular as coisas judiciosamente, julgar pelo todo e não parcialmente, apreciar com proporção e confiança, gesticular com propriedade, utilizar-se das mãos com precisão, tirar alegria não só das grandes coisas e acontecimentos da vida, como, também, dos insignificantes e pequeninos. Ah! Esses que assim se conduzirem quando adultos serão artistas, mesmo que nunca mais peguem num lápis ou num pincel. Verão a vida como uma sadia e bela obra de arte a preservar... e apreciarão, acima de tudo, o trabalho bem realizado, pois neste sentirão a participação carinhosa do homem, penhor do racional, a emprestar-lhe um valor estético que transcende até ao ético. (2)
Por intermédio de uma dramaturgia em forma de painel, e penso que aí reside o maior problema do belo espetáculo, as cenas – costuradas principalmente pelas músicas que apresentam uma narrativa épica – estruturam-se a partir de diferentes tipos de manipulação e expedientes característicos do espetáculo misto de rua. Os atores têm domínio do que fazem: tem pleno domínio da cena e da relação com a platéia; o figurino é clássico, bem talhado e colorido; as músicas são bem tocadas e cantadas...
Em francês, fada escreve-se fée; dessa palavra surgiu um tipo de espetáculo cujo propósito é fazer aquilo que toda fada deve proporcionar: encantamento. Então, surge a féerie. Aclimatada ao português, a palavra, referindo-se a encantamento, foi grafada como feérico... Pensem como são feéricos os espetáculos das escolas de samba no Brasil, as festas do boi etc. Em teatro, são chamados de espetáculos feéricos, sobretudo, aqueles mistos, que misturam dança, canto, cenas dialogadas curtas... conhecidos como teatro de revista.
O circo é feérico... Muitos espetáculos de rua também. Histórias de teatro e circo é feérico e encanta. Parabéns à ilustre família de artistas abrigadas pela Carroça de Mamulengos.

Cia. Chegança
No primeiro dia de evento, o segundo grupo a apresentar-se, vindo de São Luís do Maranhão, foi a Cia. Chegança, dirigida por Michelle Cabral. Adotando proposição de processionalidade, os atores conclamam o público para segui-los saindo da Praça do Porto até a Praça Codrato Vilhena. Referindo ao ocorrido comigo, sem generalizar, evidentemente, o primeiro problema enfrentado pela Cia. Chegança diz respeito ao fato de “certa contaminação emocional” proporcionada pelo espetáculo anterior. Tomando Kant, estremeci de prazer diante da beleza proporcionada pelo espetáculo da Carroça de Mamulengos. Os integrantes do grupo do Maranhão, e isso era visível, davam o seu melhor, mas, ao nos conduzir de um ponto a outro, o cantar de seus integrantes apresentava-se sem potência, sem brilho, sem jocosidade. Nenhuma vez, os atores tentaram instigar o público a cantar junto, ainda que fosse um verso, um refrão... Seguíamos os atores, mas apartados do espetáculo. O canto de entrada, que na tradição popular, precisa ser forte e conclamante, anunciante da companhia que chega não cumpriu sua predestinação.
O título da obra, bastante sugestivo: A mulher que vendeu o marido por R$ 1,99, do mesmo modo como a chegança, não buscou o público, não se relacionou – solicitando cumplicidade, sugestões, ajuda – com a platéia: permaneceu enterrado em si mesmo. Insisto que os atores, debaixo de um sol intenso e forte, davam o seu máximo, mas o espetáculo não conseguia manifestações de cumplicidade. Usando uma metáfora, sobrou alguma coisa de alvenaria imaginária (alusão à quarta parede) impedindo uma relação e troca de experiência com a platéia.
Era claro haver uma concepção de espetáculo, banhada por um conjunto de tradições populares, do cordel a alguns passos de dança – que Mario de Andrade nomeou dança dramática... –, passando pelo ritmo musical, mas, e infelizmente, em Angra dos Reis, o espetáculo não cumpriu sua destinação intrínseca enquanto espetáculo popular de rua. Talvez os atores precisassem, naquele momento, de mais um período de treinamento e de conhecimento do requerido para as manifestações de rua.
Como observação final, à saída do espetáculo, e um pouco mais distante, não deixa de ser digno de nota, o fato de o Sr. vice-prefeito, segundo me informaram, em nome da gestão Tuca Jordão, distribuir rosas às mulheres passantes por conta de, no dia seguinte comemorar-se, oficialmente, o chamado “dia das mães”. Desse modo, por justa razão, depois de a mulher da peça vender seu “folgado marido” por R$ 1,99, todas as outras, alegorizadas ou não nela, eram premiadas com uma flor.

Irmãos Brothers
À noite, ainda no primeiro dia de evento do Festival, na Praça da Matriz, foi a vez do grupo, sediado no Rio de Janeiro, Irmãos Brothers mostrar o seu a que viemos, “mostrar o seu valor”. Nessa primeira noite, já era possível perceber o sucesso do evento: a praça estava absolutamente lotada, “gente saindo pelo ladrão”. Com direção de Jorge Fernando e batizado 15 anos dos Irmãos Brothers, o espetáculo oferece ao público uma espécie de “melhores momentos de seu repertório”, inserindo-se na proposição de espetáculo de variedades, decorrente do significativo período de existência do grupo.
Cumprindo rigorosamente aquilo com o que se compromete e apresenta em suas peças gráficas, os “manos em duplicidade” conseguem embalar e envolver a platéia durante todo o curto tempo, que demora o espetáculo. Os integrantes do grupo apresentam vários números juntos, e cada integrante tem seu momento solo, relacionando-se, muitíssimo bem, com a platéia. Nesse particular, e vale cumprimentar o formato sugerido pelos coordenadores do Festival e pela Cultuar – Fundação de Cultura de Angra dos Reis, os integrantes dos grupos acompanham todo o festival. Desse modo, imagino que os atores da Cia. Chegança devam ter se divertido bastante e apreendido inúmeras probabilidades de relação com a platéia.
O espetáculo foi uma verdadeira festa e deliciosamente divertido. Entretanto, e por já conhecer o trabalho do grupo, prefiro os Irmãos Brothers apresentando espetáculos a partir de uma dramaturgia com personagens, narrativa, transformação de objetos...
Insisto em que a explicitação de meu próprio gosto pessoal não tira o mérito do grupo e do trabalho!

Cia. Mamulengo da Folia
O segundo dia da 14ª edição do Festival Nacional de Teatro de Rua de Angra dos Reis começa muito bem. Na Praça do Porto, Danilo Cavalcanti, um atual paulistano, que já chamei de “mezzo nordestino e meio italiano”, traz a eloqüência popular nordestina e promove sua explosão, por meio de bonecos, prosódia, música e mentalidade pernambucanas.
Para fazer o reconhecimento do público, Danilo Cavalcanti, na condição de boneco-bicicleteiro passeia pelo espaço em que o espetáculo irá ser apresentado.
Difícil permanecer alheio, triste, “angelical”, inocente às personagens da tradição popular nordestinas. É certo que a narrativa é contada tomando a tradição da literatura de cordel, mas Danilo Cavalcanti consegue mimar a todas elas carregando em si uma longa e significativa tradição popular. Escondido atrás do empanado, mas de olhos firmes na platéia, Mestre Danilo Cavalcanti envolve, emociona, encanta pelo caráter popular da malandragem nordestino-brasileira. Nesse sentido a narrativa aparece repleta de expressões e alusões grotescas (que podem ser chamadas também de escatológicas), por exemplo, há uma personagem chamada Cabo Setenta (que existe também na obra Torturas de um coração de Ariano Suassuna). Ocorre que, de acordo com prosódia nordestina, as sílabas são faladas de modo intenso, à exceção da “ten”, a personagem é apresentada como “cabusetenta”... é clara a alusão ao órgão sexual feminino.
O espetáculo ganha um tom mais característico e transporta para qualquer uma e todas as praças nordestinas (localizadas em qualquer Estado nordestino ou paulista ou carioca ou brasileiro) pelo trio de músicos: sanfona, zabumba e triângulo embalam as personagens e a narrativa apresentada por Danilo Cavalcanti.
O espetáculo A folia no Terreiro de Seu Mané Pacaru imprimi a nós todos, brancos ou negros, nascido em qualquer região do País de que temos uma raiz próxima, algo imaterial a zelar, a preservar e com o qual nos embalar... parafraseando Noel Rosa, a partir de uma língua que já passou de português.

Grande Cia. Brasileira de Mystérios e Novidades
Caminhando em direção em que o próximo espetáculo seria apresentado, entrei para conhecer a Igreja de Santa Luzia. Linda construção inaugurada em 13 de dezembro de 1632. A data em princípio, o 13 de dezembro me terrificou, afinal, muitos séculos depois, nesse mesmo dia, em 1968, o País foi mergulhado em uma de suas piores ditaduras... Depois desse choque momentâneo, a monumentalidade e, sem qualquer paradoxo, a simplicitude da igreja encantam. Fiquei imaginando ao olhar tantos detalhes, os primeiros trabalhadores que ergueram aquela construção, tantos outros em várias reformas de que devem ter acontecido. Quantos fiéis ajoelharam-se naquele chão, quanta fé e esperança depositadas nos santos de lá. No breve momento em que lá estive, algumas pessoas rezavam fervorosamente...
Saio da bela Igreja reprovando apenas a placa que solicita aos fiéis qualquer ajuda econômica para a salvação de suas almas... Nesse dia 08 de maio, às 16h, constava da programação do Festival o espetáculo Ciclope, fundamentado no mito grego homônimo, apresentado pela Grande Cia. Brasileira de Mystérios e Novidades do Rio de Janeiro, mas fundada em São Paulo, em 1990, e dirigida pela instigante e sempre criativa Lígia Veiga. A nova e bela Praça Zumbi dos Palmares (Largo do Mercado Municipal) preencheu-se do mais entusiasmado espetáculo ritual. A apresentação inicia-se com deidades gregas, ou não seriam ajoiés/ekédis da tradição do candomblé? O fato é que as sincréticas personagens montam no espaço-terreiro-templo um monumento: uma cabana.
Várias hipóteses podem ser formuladas acerca da cabana, mas, para lembrar o empenho e a pesquisa de Lígia Veiga, é bom lembrar que a palavra grega skéne, cujo significado é cena, tem como raiz sk, que indica palavras que selecionam, abrigam o conceito de fazer sombra. Desse modo, sk caracteriza-se na raiz do verbo skenéo que significa construir tenda. Esse parêntese é aqui apresentado para demonstrar que a encenadora do espetáculo transita esteticamente com significativo processo de pesquisa.
Tão logo a tenda mítico-cosmogônica é montada, aparece uma sugestiva carroça e nela o espaço que será consagrado às musicistas. Trata-se, sem dúvida, se se puder falar desse modo, do ponto alto do espetáculo. A sonoridade criada pelas mulheres é deslumbrante: são musas-musicistas surpreendentes. A pesquisa sonora com instrumentos inusitados é arrebatador.
Ciclope entra, e em disputa pelo poder, acaba arrebanhando sátiros, cuja coriféia é uma negra atriz linda Mafalda Pequenino (e peço desculpas por não apresentar outros nomes a ficha técnica do espetáculo chegou-me corrompida), que singra o espaço, em puro ato de enfrentamento: personagem e atriz enfrentam tanto a ficção da obra como a realidade das ruas!
O espetáculo é grandiloqüente, ousado e tem estofo de quem sabe o porquê vai para a rua e a quem o espetáculo deve atingir. Apesar da grandiosidade da obra, há, ainda (não sei se premeditado ou não), certa limpeza a ser promovida. Dentre elas, destacaria muitas das falas coletivas do coro. Certa histeria corporal da personagem coletiva tem um caráter excessivo (atores parecem esquecer que o espetáculo é feito para um público) e não se consegue ouvir o que fala a personagens, sobretudo quando se encontra em deslocamento.
De qualquer forma, penso, pode ficar contente esse conjunto de criadores pela obra construída. Lígia Veiga é uma grande “maestrina da cena” e organizou um grande momento de criação coletivo.
Que o espetáculo tenha uma grande vida e que consiga ser apresentado muitas vezes!

Cia. Gente de Teatro
A gente morena, chegando da Bahia – terra de Assis Valente e de tantos outros artistas – veio para mostrar o seu valor. Como não são bobos, eles chegam em coro e vêm supercoloridos, usando, como intróito de chegança, o Abre alas da grande compositora Chiquinha Gonzaga. Na chegança, e à semelhança do adotado como prólogo na forma da revista teatral e certas manifestações de rua, o elenco apresenta-se, e, também, ao diretor do espetáculo, Luis Bandeira. Nesse segundo dia de evento, e com tantos espetáculos já assistidos, não deixa de ser louvável tratar-se do primeiro grupo a apresentar-se sem microfone. Não vou tratar dessa questão, mas quero lembrar que são muitos e polêmicos os pontos de vista, de puristas e tradicionalistas: premidos ou não por ortodoxias, que se posicionam de modos opostos acerca do uso do microfone em espetáculos de rua. Ainda com relação a espetáculo de rua e na rua também há pontos de vistas diferenciados, mas não cabe, nesse momento, tal discussão. Cabe, sim, o registro de que a totalidade dos integrantes do grupo conseguiu ser ouvido, durante a lotadíssima apresentação do espetáculo, na Praça da Matriz.
Apresentado o coro, os pregoeiros apresentam-se individualmente, cada um vendendo seus produtos. Nessa venda, sobretudo pelo vendedor de bananas e depois pelo vendedor de rolinhas, há muita ambigüidade e deliciosa alusão sexual. Nesse momento, o público já é capturado pelos atores e pelo espetáculo. Por meio dessa percepção, e conscientes de que já houve uma conquista da platéia, a maioria dos atores, joga e muito bem, trocando experiência. Se na noite anterior, naquele mesmo espaço, os Irmãos Brothers haviam brincado com a platéia, com os atores da Cia. Gente de Teatro, mesmo sem ir ao centro da cena, a verve de alguns atores, fez com que a platéia fosse a oitava personagem.
Os atores transitam com a tradição das narrativas populares e mesclam no espetáculo a criação de personagens com a inserção épico-narrativa. Duas das atrizes, a dona da barraca e a vendedora de ervas, irreconhecível, sem maquiagem são excelentes. Uma das atrizes, a mais alta, destoa do conjunto, inclusive na maquiagem... Todas as mulheres carregam nas tintas e no colorido da maquiagem, mas esta última usa uma maquiagem clássica.
De qualquer forma, mesmo havendo alguma dissonância, o conjunto e afinado e afiado, e, pode-se dizer, herdeiro de uma certa tradição da comédia popular, maravilhosamente bem aclimatada ao nordeste brasileiro. Bahia veio muito bem representada com o seu Cordel do pega pra capá..

Cia. da Lua
Primeiro grupo da cidade a apresentar-se no evento. Infelizmente, o local escolhido – a Bica da Carioca, local erigido em 1842 – pelo fato de ser um grupo local e ter levado um número grande de espectadores, fez com que aqueles que chegaram ao espetáculo, mesmo na hora marcada, não conseguissem ver o espetáculo. O local escolhido prejudicou sobremodo a apreensão ao trabalho.
Do que deu para perceber, podem ser destacados alguns problemas. Além de o local escolhido ter sido equivocado, trata-se de uma obra concebida para palco e não para rua. Desenhos de cena, texto (extremamente retórico e ligado ao que se chama de teatro de conversação), entradas e saídas amparadas no conceito de coxias, altura da voz, a iluminação... Tudo característico de teatro de caixa. Nenhum problema há em que um espetáculo de caixa vá para a rua, entretanto, esse deslocamento pede mudança dos expedientes cênicos.
Do ponto de vista temático, e a obra, segundo consta, desenvolve-se na década de quarenta do século XIX, o ponto de vista é da classe dominante. O ator que faz o escravo aparece (e isso é questão de concepção de quem dirige) de modo arquejado e meio néscio. Como todas as outras personagens são desenhadas de “modo ereto”, a comparação é inevitável... Trata-se de uma personagem próxima ao estereótipo, o que é uma pena. O olhar a partir do qual a personagem é vista e concebida, sem dúvida, corresponde a como certa classe dominante escravagista concebia o negro.
Apesar de esforço do conjunto, no sentido, por exemplo, de certa reconstituição do figurino, um dos atores – e não acreditei nisso quando vi, e depois alguém também chamou a atenção para isso – usava um brinco em uma das orelhas... Como havia a intenção de recuperação de certa visualidade na reconstituição da obra, esse deslize foi muito mal. O diretor precisa olhar esses detalhes.
Penso que os integrantes da Cia. da Lua – e lembro da atriz que fez a mãe no espetáculo ter participado do processo interventivo desenvolvido pelo mago de todas as praças, Amir Haddad – devem ter aproveitado o evento como um todo. Penso que se houve troca e interlocução, mais pessoas devem ter apresentado ao conjunto que apresentou A lenda da Bica da Carioca, alguns dos pressupostos de quem se apresenta nas ruas.
Assim, que eu possa ver esse mesmo conjunto, em outro ou no mesmo espetáculo, promovendo, por meio da escuta e dos procedimentos característicos de quem escolhe a rua, trocas com a platéia.

Cia. de Teatro Nu Escuro
Diretamente do Estado de Goiás, e passando por outros encontros e festivais, a Cia. de Teatro Nu Escuro escolheu, como texto a conferir um ponto de partida ao espetáculo, o “clássico” A farsa do Mestre Pierre Pathelin, de autor anônimo francês do século XIV/XV.
Decorrente do espetáculo anterior, apresentado relativamente perto da Praça da Matriz, novamente lotada, o espetáculo teve de sofrer um atraso para que o público que assistiu ao espetáculo da Cia. da Lua tivesse tempo de chegar ao espaço em que seria apresentado O Cabra que matou as cabras. Assim, mas não pelo atraso ocorrido para iniciar a apresentação do espetáculo, tendo em vista tratar-se de uma proposta da direção, os atores-personagens passeiam por entre o público. Um desses atores, o tal Cabra, passa com uma garrafa de – imagino – aguardente, talvez para deixar o “miolo mais mole” da platéia. Afinal, ele será julgado, logo mais, em uma cena de julgamento.
Opção do jovem diretor – Hélio Fróes, e o afinadíssimo grupo demonstra domínio da cena, das relações de troca com a plateia –, os atores não usam microfone, e são absolutamente ouvidos pela grande platéia presente ao espetáculo. Trata-se do espetáculo mais escatológico de todos a se apresentar na 14ª edição do Encontro Nacional de Teatro de Teatro de Rua. Desse modo, como já havia mencionado antes o conceito, talvez agora, e brevemente, fosse importante apresentar alguns indicadores conceituais do termo.
Parte significativa dos termos e conceitos utilizados em teatro foi cunhada pelos gregos da Antiguidade clássica e transposta aos que vieram... Hoje, o conceito de escatologia refere-se, sobretudo, a comportamento mal educado, deselegante, não civilizado, decorrente de skatoslogos: referindo-se a doutrina que disserta sobre as fezes. Tendo uma pequena variação gráfica eskhatoslogos, o conceito refere-se a doutrina final do tempo.
O conceito aqui utilizado refere-se, portanto, à primeira conotação. As personagens da montagem do grupo de Goiânia são personagens, fazendo uma alusão ao filme de
Ettore Scola, além de sexualizadas: feias, sujas e malvadas.
Diferentemente de A lenda da Bica da Carioca, neste espetáculo, e não apenas pelo texto original, o ponto de vista da encenação corresponde, como se espera de um espetáculo popular, não é o do comerciante ou do advogado, mas ao do empregado. O ator que apresenta esta personagem (o Cabra) é excelente. Tem domínio de seu fazer e do modo como lida com a platéia. De modo semelhante, precisam, também, ser destacadas as atrizes que fazem o advogado e sua mulher.
Parabéns a todo o grupo e ao seu belo trabalho. Foi uma excelente finalização de segundo dia de jornada.

Grupo Pombas Urbanas
O queridíssimo Lino Rojas, que tanta falta faz a tantos de nós, muito deixou. Pelo exemplo comportamental e de militância, pelos trabalhos apresentados, pela crença e tenacidade com a qual sempre abraçou o trabalho comunitário. Trata-se de um artista digno, avesso às badalações, e que escolheu um bairro muito distante da zona leste da cidade de São Paulo para disseminar e trocar seus tantos saberes. O Pombas Urbanas, em seus tantos tentáculos, tanto sociais como estéticos, representa uma continuidade do trabalho de Lino Rojas. Assim, pelo menos para mim, vê-los em cena significa, de modo algum aprisioná-los ao mestre, mas, o que me deixa muito feliz, constatar – a partir da mudança dos tempos – uma sequência àquele trabalho.
Apresentado o argumento inicial, penso poder, e como o fiz pessoalmente ao Adriano Mauriz, discorrer acerca de alguns problemas acerca do espetáculo. Adotando algumas determinações do teatro épico, os seis atores do espetáculo dividem-se, todo o tempo em representar e contar as duas histórias que compõem o espetáculo. O primeiro problema, e também de acordo com tantos colegas com os quais tive a oportunidade de conversar, decorre dos textos escolhidos. A primeira delas, decorrente de uma dor de dentes, tem uma cotidianidade absolutamente comum, mas sem qualquer atrativo alegórico mais interessante. A segunda, totalmente alegórica, ao contrário da primeira, é excessivamente alegórica. Desse modo, do ponto de vista temático, entre uma e outra história, os extremos parecem não se encontram na obra. Desse modo se a segunda história alegoriza a vida cachorra, por que pintar o ator como se fora cachorro? Não se trata de uma alegoria?
Os atores têm senso e domínio absoluto do espaço de representação e do pressuposto pelo teatro de rua, tentam processos de troca, mas tanto as discussões propostas pelos textos como as proposta de encenação parecem não ajudar. De todos os espetáculos assistidos até então, na Praça da Matriz, cujo público foi aumentando dia a dia, Histórias para serem contadas foi aquele em que houve um abandono maior durante o espetáculo, terminando, também, com um menor número de pessoas na praça.
Afirmaram alguns parceiros de São Paulo que, originalmente, o espetáculo compreendia três histórias, e que, por problemas de entendimento, a terceira foi suprimida. Então, o tão grande esforço feito (e é muito perceptível isso) pelos atores decorre da ausência da terceira ou pelo problema, mesmo, com o próprio espetáculo.
Espero, e a visita já está marcada, assistir a muitos espetáculos do grupo. Por enquanto, ficou a potência do grupo, mas não um resultado significativo.

Grupo Arte da Comédia
Sob o curioso título de Aconteceu no Brasil, enquanto o ônibus não vem, o grupo curitibano, dirigido pelo italiano Roberto Innocente. Assim, por tratar-se de um mestre, o diretor, que assina também o canovaccio, o espetáculo acontece maravilhosamente. Comunica-se com o público, consegue apresentar, com grande clareza, a narrativa e diverte o público.
O intróito (chegança) acontece de modo “rebombante”, trata-se de um grande modelo para que o público, próximo e distante, aproxime-se e fique ligado interessadamente no que acontecerá com aquela gente “barulhenta”. Alguns grupos mais discretos que se apresentaram no evento, penso, devem ter aproveitado bem aquela lição dos commedianti dell’arte.
No início fiquei meio aflito porque a dramaturgia era muito fragmentada, mas depois dos dez primeiros minutos, tranqüilizei-me porque tudo passou a confluir para contar a história de o espetáculo de máscaras ser apresentado. Aclimatando uma tradição da commedia dell’arte, o diretor solicitou que cada personagem buscasse uma prosódia (um sotaque) característico de diferentes regiões do Brasil. Isso funciona, na maior parte das vezes. O arrebatamento chamado Ana Rosa Tezza apresentou um sotaque... mas qual? Aliás, diria que a atriz “é” um sotaque. Seu trabalho de criação é comovedor: ela se dá toda, por inteiro, sem medo!
O espetáculo tem excelentes achados, “peca”, entretanto, se se puder falar assim, no que diz respeito ao tamanho diminuto do palco. Os atores não evoluem no palco, trombam-se, o que faz a beleza estética ficar em processo de esbarramento. Passado algum tempo depois do espetáculo, penso que o sistema de iluminação também é precário, ilumina pouco e não permite ver, sobretudo, a beleza das máscaras.
Por fim, percebe-se que Roberto Innocente é um mestre e sabe perfeitamente que faz e como atingir seus objetivos estéticos. Mesmo cometendo injustiças, penso que Roberto e Lígia Veiga serem os dois melhores diretores do evento.

Experiência subterrânea
Cercado de grande curiosidade por parte dos profissionais que se encontravam no evento, afinal André Carreira é um importantíssimo pesquisador de teatro, sobretudo o teatro de rua, no sábado à noite, saindo da Fundação Cultuar, iniciaram-se as performances do espetáculo Circo negro. O texto foi adaptado do livro homônimo de Daniel Veronese pelos integrantes do grupo, sob coordenação de André Felipe Costa Silva.
Os atores do grupo vestiam-se a partir de diferentes trajes, explicitando tipos e situações sociais diferenciadas, transitando, ao que tudo indica, com situações próximas àquilo que já foi denominado de humor negro. Na primeira cena, por facada, alguém mata alguém. Ao fim da cena, evidencia-se que a morte foi uma brincadeira. Deslocando-se desse primeiro espaço e em rua próxima dali ocorre a segunda cena, difícil de ser assistida porque o público, em apertado espaço cercou a cena. Apesar de ter 1,90, confesso não ter conseguido assistir a cena. A terceira cena foi em outro lugar, igualmente estreito... A quarta cena ocorreu em uma estreitíssima viela, transversal à Praça da Matriz...
Confesso, e porque não queria correr ou brigar para assistir à cena, “desisti” do espetáculo e dirigi-me para o espaço onde ocorreria o próximo espetáculo. Por conta disso, não tenho nenhuma condição de avaliar a obra.
Ministro aulas na Escola Livre de Teatro de Santo André, nela há um núcleo de formação de diretores, atualmente sob a coordenação de Luiz Fernando Marques (do Grupo XIX de Teatro), os diretores apresentam cenas nos lugares os mais inusitados: de marquises de praças públicas a banheiros diminutos. Ao entrar em contato com tais propostas, me pergunto: para quem essas obras são feitas!?

Coletivo Pulso
Tudo no início é zen. Uma marcha, marcialmente lenta, promove o deslocamento de dois atores-músicos, de fora para dentro do espaço de representação. Aliás, e claro que cadeiras são essenciais para os mais velhos, portadores de alguma deficiência física, para mulheres gestantes, mas a totalidade dos espaços – e isso é um contrasenso para espetáculos de rua – já se definia pelas cadeiras que cercavam o espaço de representação. Voltando ao espetáculo, com o curiosíssimo título: Hai-kai – somente as nuvens nadam no fundo do rio, tudo no início intentava o silêncio, o comedimento.
O título já preconizava, prefigurava aquilo que eventualmente poderia acontecer. A inspiração para a criação de um hai-kai, trazido por musicalidade corda-sopro: acordeón-flauta que se consubstanciaria por intermédio de dois criadores, ou os dois formariam um só? Em português e ao que tudo indica em japonês, o hai-kai é criado. Criada a obra, mesclando duas culturas, imbricadas em uma só, o suscitado imagético decorrente do hai–kai “ganha o mundo”.
Todos os elementos da natureza apareceram e se transfiguraram em imagem: um conjunto de efeitos e pirotecnias irromperá a cena e deixaram impactados os espectadores. Os atores do espetáculo, de certo modo, transitam entre a interpretação, a dança, a contraregragem...
Ao fim, terminado o espetáculo, há uma grande inquietação... O espetáculo se caracteriza em um grande enigma. Como decifrá-lo? Com Clarice Lispector aprende-se que não é preciso preocupar-se com entender na medida em que viver ultrapassaria qualquer entendimento.
Em um evento da envergadura do 14º Encontro de Teatro de Rua de Angra dos Reis é fundamental que os organizadores e curadores possam programar espetáculos mais experimentais, mesmo que não se trate de um espetáculo de rua, mas que seja montado na rua, sobretudo por conta da pirotecnia, como a chuva ao final.

Galpão Cine Horto
Infelizmente, por problemas de confusão na agenda, não tive oportunidade de assistir ao espetáculo Arande Gróvore, mas os companheiros com quais conversei, rasgaram muitos elogios ao espetáculo, tanto pelo inusitado da prosódia como à delicadeza na concepção e criação da obra. Fico devendo essa aos artistas, e, porque não sou bobo, em nada, espero poder assistir ao espetáculo brevemente.

Circo Nossotros
Em muitos aspectos, o espetáculo Famiglia Milan e o Gran Circo Guaraná com Rolha assemelha-se ao espetáculo apresentado pelos Irmãos Brothers. Trata-se de um espetáculo sem dramaturgia clássica, e que, no caso da Famiglia Milan metateatraliza suas ações em um um circo, que é o Gran Circo Guaraná com Rolha. A obra apresenta o frontispício de um circo (que esteve lindo em contraste com a bela fachada da Igreja da Matriz: o vermelho e dourado do circo, em contraste com o branco da Igreja, no escuro da noite ficou, realmente, muito belo!
Sandra Saraiva e Marcelo Milan, casados na vida real, vivem, na obra em epígrafe, um casal de malabaristas. Vestidos à moda dos anos 1920, o casal, na vida ficcional, dá um verdadeiro espetáculo de malabarismo, equilíbrio e confiança. Emociona-me sempre (e, com certeza, não só a mim) a confiança requerida e demandada por esse tipo de atração. Marcelo suporta a leve Sandra e esta entrega-se ao parceiro destemidamente.
Mesmo faltando uma dramaturgia que pudesse dar sustentação emocional à história das duas personagens circenses, os números apresentados: da sustentação ao número de bicicleta, conseguem remeter, pelo cuidado da coreografia, do figurino, do casal equilibrista..., a um contexto de antigas tradições circenses que não se vê mais... Pelo menos, à exceção dos grandes empreendimentos, nunca tive oportunidade de assistir a esse tipo de número circense, com os requintes apresentados pelo casal Saraiva/Milan. Não fossem todos os méritos apresentados, a resistência (muito bem realizada) já se caracterizaria em justo júbilo.
Ao casal parabéns e longuíssima vida!
Obs. – que, pelo menos, uma das lindas filhas do casal, tome gosto pela “coisa” e siga a tradição!

A história de Édipo
O espaço cênico delimata-se a um palco-traquitana, com função monumental. Propício a espaços abertos, os atores evoluem, sobretudo, nos planos que compõem a edificação vertical, constituídas por andaimes da Rohr. Além de espaço de representação, donde a adjetivação traquitana (que implica em diversas funções), no cenário-totem são dependurados todos os objetos de que necessitam os atores ou as personagens para apresentar a história de Édipo.
O diretor Marcelo Bones transformou o mito grego de Édipo, com o conjunto de atores do Grupo Teatro Andante, em um espetáculo absolutamente eletrizante. Já havia assistido ao espetáculo anteriormente em Belo Horizonte, durante o dia, na Universidade Federal. Havia, na ocasião, na capital mineira, ficado bastante impressionado, mas à noite e a céu aberto, na Praça Zumbi dos Palmares (e o grupo apresentou-se em uma noite que o “céu angreense explodia”) toda a sofisticação do espetáculo vem à tona e envolve o espectador. Trata-se de um espetáculo em que todos os detalhes confluem, e com critério estético, para constituir uma obra com unidade: músicas ao vivo, em concepção, exploração e concepção muito bem resolvidas; figurino vermelho com fitas cruzando e macerando o corpo, a partir dos pés (alusão, portanto, ao mito); luz absolutamente afinada ao espetáculo; o já mencionado espaço de representação; o trabalho dos atores, e sobretudo dos dois atores).
Em rápidos cinqüenta minutos – e afirmo isso, também, pelo que se podia sentir e respirar junto ao público –, houve um significativo momento de troca e de contato com uma curta, mas efetiva obra prima.
Parabéns ao grupo e seu conjunto de criadores!

III. Saideira

Voltando ao começo, reitero os agradecimentos com relação ao convite feito por Jussara Trindade e Licko Turle, à Prefeitura de Angra dos Reis e à Fundação Cultuar, na pessoa de Mário dos Anjos, aos parceiros de conversa e à alvissaríssima possibilidade de criação de um Núcleo Nacional de Pesquisadores de Teatro de Rua.
No concernente aos comentários críticos, mesmo atrasado, fiz questão de apresentar alguns pontos de vista acerca dos espetáculos assistidos, e o fiz de modo meio acelerado. A vida tem exigido tal presteza. Entretanto, penso, essa é uma alternativa para que trocas e interlocuções possam ser desenvolvidas.
A todos, coloco-me à disposição. Então, abraços fraternos do tamanho do mais amplo bem querer.
Vamos que vamos, fazendo histórias, estando na história, registrando para a criação de uma história. Ao finalizar:
Vai passar nessa avenida um samba popular (...)
Num tempo, página infeliz da nossa história,
passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações.
Dormia a nossa pátria mãe tão distraída
sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações
Seus filhos erravam cegos pelo continente,
levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal, tinham direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval,
o carnaval, o carnaval.(...) (3).


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1 - Pesquisador e professor do Instituto de Artes da Unesp de São Paulo. Integrante, com justo júbilo, do Núcleo Nacional de Pesquisadores de Teatro de Rua.
2 - Mario PEDROSA. Frade cético, crianças geniais. In: Dos murais de Portinari aos espaços de Brasília. São Paulo: Perspectiva, 1981, p.177-78.
3 - Vai passar, letra de Chico Buarque de Hollanda e música de Chico Buarque de Hollanda e Francis Hime. Coletado no endereço eletrônico http://letras.terra.com.br/chico-buarque/45184/ [visitado em 08/07/2008].

Convite divulgado

Divulgado para Rede Brasileira de Teatro de Rua, Circomunicando e grupos, Rede Circo do Rio e Rede Estadual de Teatro de Rua RJ.

Fotos do Entrotro de Arcozelo




Edição das imagens e elaboração do Relatório:
Ana Luiza Cardoso

V ENCONTRO NACIONAL DA REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA



O V ENCONTRO NACIONAL DA REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA foi realizado pela Rede Estadual de Teatro de Rua do Rio de Janeiro, nos dias 20, 21 e 22 de abril de 2009, na Aldeia de Arcozelo, em Paty do Alferes, RJ.
A comissão organizadora foi formada por Ana Luisa Cardoso, Lilian Moraes e Richard Riguetti. Contou com a presença de mais de 70 articuladores dos Estados do RJ, SP, MG, PA, RR, RD, AC, RN, AL, RS, MA, AC, CE, ES, BA e PR. Foram estabelecidas parcerias com a Funarte (cessão de espaço físico, verba de R$ 6.000,00, transporte ida e volta), Ministério da Cultura (cessão de 15 passagens aéreas) e apoio cultural da Casa Paschoal Carlos Magno (hospedagem), restaurante Espírito Santa (alimentação), Companhia Carioca (empréstimo de louças), J. Michelli Lacis (criação de flyer eletrônico). Cerca de 25 grupos de teatro de rua de todas as regiões do Brasil estiveram presentes neste Encontro, com aproximadamente 22 horas de reuniões.
A RETRRJ ressalta a importância deste Encontro ter sido realizado na Aldeia de Arcozelo, artistas do Brasil puderam conhecer e utilizar este grande patrimônio tão propício para finalidades como esta.
A comissão organizadora faz questão de reconhecer o total apoio vindo da direção de Artes Cênicas, Sr Marcelo Bones e a equipe empenhada da Coordenação de Teatro que demonstraram esforços para a realização do V Encontro Da Rede Brasileira de Teatro de Rua. E a atenção, o carinho e disponibilidade recebida pela eficiente e prestativa administração da Aldeia de Arcozelo: Elenice dos Santos, Djalma da Conceição e Aluisio José de Medeiros, que tão dedicadamente mantém a Aldeia, deixando o Brasil se sentir em casa, preservando assim, o desejo de Paschoal Carlos Magno e Martinho de Carvalho.

TEMPO de organização, preparação e realização: 3 meses ( Janeiro, Março e Abril).

No período de pré- produção, foram realizadas reuniões na Rede Estadual para a confirmação e comprometimento dos seus articuladores na organização do Encontro Nacional de artistas e fazedores do teatro de Rua.
Organização de comissões: preparação e produção do Encontro e formulação e edição da 1ª Revista da Rede do RJ a ser lançada no Encontro.
Solicitação de apoio ao Encontro para a Coordenação de Teatro da Funarte.
Articulação com a administração da Aldeia de Arcozelo, estabelecendo contatos, informações e ações.
Solicitação de passagens aéreas ao Minc, através do Sr Gustavo Vidigal conforme seu conhecimento quando esteve presente em reunião no IV Encontro em SP.
Solicitação de apoio às Secretarias Municipais de Agricultura, Educação, Cultura e Turismo de Paty do Alferes.
Formulação de documentos e contratação de firma para produção.
Contratação de Dª Conceição (cozinheira do próprio Paschoal Carlos Magno) e equipe para cozinha.

Foram realizadas 3 visitas a Aldeia de Arcozelo:

1. Em 29/01/2009 - Ana Luisa Cardoso, articuladora da rede Rio, convidada pelo recém nomeado Diretor de Artes Cênicas, Sr.Marcelo Bones que atendeu sua solicitação, acompanhou a equipe da Funarte - Coordenadoria de Teatro e Dança – na 1º visita desta coordenação, para avaliação e condições do local. Confirmando o apoio desta direção para a realização do Encontro do Teatro de Rua na Aldeia de Arcozelo.

2. Em 03/04/ 2009 - realizada pelas integrantes da comissão Lilian Moraes e Ana Luisa, para reuniões (marcadas anteriormente) com as Secretarias de Turismo e Cultura, Educação e Agricultura para estabelecer contatos e solicitar apoio com divulgação, alimentação e mão de obra.

3. Em 17/04 – Os articuladores Richard Riguetti e Ana Luisa para o mapear os locais das atividades e organizar e relacionar os dormitórios com o número confirmado dos participantes, juntamente com a administradora da Aldeia Srª Elenice. E entrega de materiais adquiridos pela produção para cozinha e dormitórios, além de compras de alimentos realizadas no Mercado de Arcozelo situado ao lado da Aldeia, que facilitou trocas, entregas de mercadorias e desconto de 10% no valor total.

Dia 19 de abril, véspera do Encontro

Na cidade do Rio de Janeiro:
Chegada de 11 articuladores dos Estados de MG, PA, RR, RD, AC, RN, AL, RS, MA e AC, durante todo o dia, no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Foram recebidos pelos articuladores da Rede Rio – Richard Riguetti, Lilian Moraes, Marcondes Mesqueu e Filipe Farinha, que levaram para o almoço e jantar no Restaurante Espírito Santa, em Santa Tereza, perto da Casa Paschoal Carlos Magno, onde ficaram hospedados.
Na Aldeia de Arcozelo:
Ana Luisa pernoitasse na Aldeia para receber os articuladores de São Paulo que chegaram de ônibus, contratado por eles, às 8 h da manhã. É importante ressaltar que a articuladora foi muito bem recebida pelos funcionários que fazem a segurança do local.

20 de abril - PRIMEIRO DIA DO ENCONTRO
Na cidade do Rio de Janeiro:
Ponto marcado para saída do ônibus contratado pela Funarte - estacionamento do prédio Gustavo Capanema (Funarte), Centro, RJ. Hora marcada da partida: 10hs.

Chegada de 06 articuladores dos Estados de CE, MG, ES, BA e PR, no período da manhã, no Aeroporto Internacional Tom Jobim, juntos foram para o ponto de encontro – prédio Gustavo Capanema.

9h - Encontro de 42 articuladores da Rede Estadual de Teatro de Rua do Rio de Janeiro e da RBTR no pátio do prédio Gustavo Capanema- Funarte, Centro do Rio, com a articuladora Lilian Moraes da comissão de produção.
O diretor de Artes Cênicas, Marcelo Bones e o Coordenador de Circo, Marcos Teixeira foram ao encontro do grupo para dar boas vindas. A funcionária Vivian esteve presente com os relatórios de viagem da Funarte, solicitando a assinatura de todos os articuladores.

11h30min - embarque dos articuladores devido a um atraso do motorista. Durante a viagem Rio x Arcozelo, por diversas vezes, o motorista perdeu-se no caminho, provocando um atraso ainda maior na viagem.

Na Aldeia:
8h – Chegada de 22 articuladores de São Paulo, integrantes dos grupos Núcleo Pavanelli de Teatro de Rua e Circo, Buraco do Oráculo, Cia do Miolo, Como Lá em Casa, Trupe Olho da Rua, Fórum de Cultura Butantã, Cooperativa Paulista de teatro, Cia Eureka, A Brava, em transporte próprio. Foram recebidos pela articuladora Ana Luisa que encaminhou ao dormitório A com 05 quartos, contendo total de 26 camas, e no hall de entrada do dormitório foi disponibilizado água mineral e café.
Compras foram providenciadas no Supermercado Arcozelo.

9h30min. - Chegada do articulador Richard Riguetti trazendo 2 articuladores do RJ, Edmilson Santini e Maria José, integrantes do Teatro em Cordel e 01 articulador do Acre, Juliano Augusto (Grupo Vivarte), em transporte próprio.

A sala da administração da Aldeia foi usada para escritório do Encontro, sendo equipada com materiais de informática e multimídia (computador, impressora, filmadora, projetor), emprestados pelo grupo Off-Sina, já que a Aldeia não dispõe desta infra estrutura. Sugestão para que equipamentos de informática (com alta resistência) sejam providenciados.

14h. - Chegada do ônibus com 42 articuladores da Rede Estadual de Teatro de Rua e da RBTR.

INÍCIO do V ENCONTRO DA RBTR:


1º dia - 20 de abril.
Pauta: Abertura do V Encontro pelo Teatro em Cordel. Apresentação dos articuladores. Leituras das cartas BA e SP.

14h - A abertura do V Encontro da RBTR aconteceu com a apresentação do “Cordel da Rede”, cordel criado pelo articulador Edmilson Santini (Teatro em Cordel), especialmente para a ocasião. CORDEL em anexo.
Em seguida, foram lidas as cartas da RBTR produzidas no I Encontro realizado em Salvador (BA) e no IV Encontro realizado em São Paulo (SP).
Dinâmica de apresentação dos Articuladores numa grande roda, no Anfiteatro Itália Fausta. Entrega dos “patuás” (crachás).

Almoço – 15h às 16h

16h às 20h – Realização da 1ª reunião – Pauta: Organização e Mobilização das Redes e/ou Movimentos em cada Estado.

Jantar – 20 às 21h

21h - Lançamento da I Edição da Revista da Rede Estadual de Teatro de Rua do RJ, jornal dos grupos Núcleo Pavanelli de Teatro de Rua e Circo (SP), Buraco do Oráculo (SP) e Oigalê (RS). Exemplares em anexo.

2º dia : 21 de abril

9h às 13h – Realização da 2ª reunião – Pauta: Desdobramento das Ações realizadas em cada Estado após o IV Encontro.
Ao fim desta reunião, a presença do Sr Marcelo Mourão – Diretor da FETAERJ e presidente da Associação dos Amigos da Aldeia de Arcozelo, contou um pouco da historia da Aldeia e da luta dos Associados para a preservação do sonho de Paschoal. Terminou com uma homenagem a Martinho de Carvalho, grande empreendedor da preservação e restauração da Aldeia e da história de Paschoal Carlos Magno, entregando o troféu Paschoalino à sua filha, Ana Luisa Cardoso.

Almoço: 13 às 15h.

15h às 19h – Realização da 3ª reunião – Pauta: POLITICAS PUBLICAS para o Teatro de Rua.
Continuação da discussão sobre o funcionamento da Rede e articuladores sem representatividade individual.

Jantar: 19h às 20h

20 às 23h - Realização da 4ª reunião: Políticas Públicas para o Teatro. Intercâmbio.

3º dia: 22 de abril – Último dia do Encontro.
9h – Diretrizes e encaminhamentos para ações futuras. Criação e Leitura da Carta para aprovação do coletivo presente. Carta em Anexo.

12h30min – Almoço

14h30 - saída do ônibus para o Rio de Janeiro e para São Paulo.
O ônibus chegou na hora marcada, viagem tranqüila para o Rio de Janeiro. Gentilmente o mesmo motorista facilitou o caminho para alguns articuladores que iriam para o aeroporto e rodoviária.

17h 30min – Chegada do ônibus no estacionamento do prédio Gustavo Capanema (Funarte), Centro, RJ. Despedidas: “até outubro no Acre”!

Encontro de Arcozelo - Frases ditas e ouvidas:



"Estamos aqui não para dar todas as resposta. Mas para fazer todas as perguntas."
Richard Riguetti - Grupo Offisina Rio de Janeiro

"E acho que essa REDE ancorou na minha mente, na minha energia, porque ela me alimenta. Ponto Final."
Chicão Santos - O Imaginário - Rondônia


"Para mim a organização da REDE é clara, com algumas dúvidas"
Marcos Pavanelli - Núcleo Pavanelli de Teatro e Circo

"A organização da REDE nacional só vai se dar se ela respeitar a regional"
Marcos Pavanelli - Núcleo Pavanelli de Teatro e Circo - São Paulo

"Nossa união se dá pela diferença"
Junio Santos - Escambo Livre de Rua

"O teatro de rua existindo é vivo, e não sobrevivo"
Renata Lemes - Cia do Miolo - São Paulo

"Rede é um tecido inteiro que se movimenta"
Edmilson Santinni - Teatro em Cordel - Rio de Janeiro

"A rede é inclusiva"
Ane Oliva - Joana Gajuru - Alagoas


"Nós somos o que fazemos na rua"
Richard Riguett - Grupo Offsina - Rio de Janeiro

"A rede é uma ação política com muita força política"
Adailton Alves - Buraco do Oráculo - São Paulo


" A gente trabalha encantando as pessoas, se a gente não se encanta..."
Fábio Freitas - Teatro do Anônimo - Rio de Janeiro

"O fazer vai te transformar em articuladora."
Graça Cremon - Movimento 27 de Março - São Paulo

"Eu não vou estar somente para negar, ir pra discutir"
Lenine Alencar - Acre

"Eu voto por confiança"
Leo Carvanelle - Palhaço Boa Praça - Rio de Janeiro

"Eu estou aqui para aprender"
Marcondes Mesqueu- Teatro Itinerante - Rio de Janeiro

"Representante parece aquele que só ele sabe. Articulador faz. Quando você faz muita gente se aproxima. Cada um contribui à sua maneira."
Ana Luisa Cardoso - Palhaça Margarita - Rio de Janeiro.

"Viva o Teatro de Rua"
Kuka Matos - Gueto Poético - Bahia


“É uma honra ter todos vocês e muitos outros artistas como companheiros e companheiras da rua e dos sonhos”.
Vanéssia Gomes - Teatro de Caretas - Ceará

Passagens - Encontro de Arcozelo

Articuladores contemplados com passagem aérea do MINC:

ESPÍRITO SANTO
Willian de Oliveira Rodrigues (Circo Teatro Capixaba)
Cidade: Vitória
MINAS GERAIS
Marcelo Carlos Castillo (Cia El Indivíduo)
Cidade: Belo Horizonte
RONDÔNIA
Francisco Santos Lima (O Imaginário)
Cidade: Porto Velho
MARANHÃO
André Lucio Coelho (hu Hu Hu Circo Teatro)
Cidade: São Luís
RORAIMA
Marcelo Perez Maciel (Cia. do Lavrado)
Cidade: Boa Vista
BAHIA
Eduardo Nascimento Matos (Gueto Poético)
Cidade: Salvador
ACRE
Lenine Barbosa de Alencar
Cidade: Rio Branco
PARANÁ
Jessica Beatriz de Oliveira (Cia Cosmopolita) e Ana Rosa (Cia Arte da Comédia). Cidade: Curitiba
RIO GRANDE DO SUL
Nome: Giancarlo Lemos Carlomagno (Oigalê)
Cidade: Porto Alegre
RIO GRANDE DO NORTE:
Junio Santos (Movimento Popular Escambo Livre de Rua)
GOIÁS
Hélio Nogueira Fróes (Cia de Teatro Nu Escuro)
Cidade: Goiânia
ALAGOAS
Nome: Joseane Santos de Oliveira (Ass. Cultural Joana Gajuru)
Cidade: Maceió
CEARÁ
Vanéssia Gomes dos Santos (Teatro de Caretas) –
Cidade: Fortaleza.
PARÁ
Jair Jhonny de Souza Gomes
Cidade: Belém

Articuladores que viajaram com transporte próprio:

. Ana Luisa Cardoso (Palhaça Margarita) – Ônibus Viação Normandy
. Richard Riguetti (Grupo Off-Sina)
. Edmilson Santini (Teatro em Cordel)
. Maria José dos Santos (Teatro em Cordel)
. André Garcia Alves (Cia Será o Benidito)
. Leo Carnevalle (Palhaço Pulitrica)
. Fábio Freitas (Teatro de Anônimo)
. Pablo (Fetaerj)
. Daniela Zamorano (Fetaerj)
. Cláudia Severo (Cia Corpos e Sombras)

Articuladores que viajaram no ônibus concedido pela FUNARTE:
Gilvan Balbino da Silva

Pâmela Vicenta Pereira de Moura

Bruno Carlos de Oliveira

Rúbia dos Reis Vieira

Andréa Cevidanes

Gregório de Melo Tavares

Vinicius Longo

Luanda Morena de Araújo Lima

Noeli Turle da Silva

Júnia Rocha Bessa

Cristiano Enéas Moreira Pena

Marcondes Manchester Mesqueu

Luciana Giacomazze

Vanderlei Miranda Moreira

Thaís Teixeira de Almeida

Francisca Maria Fernandes
Lígia Veiga

Filipe Miguel Severo

Willian de Oliveira Rodrigues

Marcelo Carlos Castillo

Francisco Santos Lima

André Lucio Coelho

Marcelo Perez Maciel

Eduardo Nascimento Matos

Lenine Barbosa de Alencar

Jessica Beatriz de Oliveira

Giancarlo Lemos Carlomagno

João Batista Dos Santos Júnior

Hélio Nogueira Fróes

Joseane Santos de Oliveira

Vanéssia Gomes dos Santos

Jair jhonny de Souza Gomes

Ana Rosa Genari Tezza


Articuladores de São Paulo que viajaram com transporte próprio:

1 - Noêmia Scaravelli
2 – Rogério Prisco Munhoz
3 – José Marcos Pavanelli
4 – Antônio augusto Paiva Silveira
5 - Marcelo Palmares
6 - Cicero Almeida
7 – Caio José Martinez Pacheco
8 - Raquel Rollo Alvez
9 - Renata Kelly Lemes
10 - Adailton Teixeira Alves
11 – Alessandro César Araújo Azevedo
12 - Marcio Rodrigues
13 – Maria das Graças Cremon
14 - Luiz Calvo
15 - Dorberto Rocha Carvalho
16 - Rafaela Carneiro
17 – Harley Nóbrega da Costa
18 - Adriano Farina Carmona
19 - Aládia Simone dos Santos Cintra
20 - Gabriela Vilaboin de Carvalho Hess
21 – Rogério Ramos
22 - Maria da Penha Silva
23 – Motorista I

MATERIAL ADQUIRIDO PELA PRODUÇÃO E DOADO PARA A ALDEIA DE ARCOZELO:

• 80 CAPAS DE COLCHÃO (CORES DIVERSAS)
• 60 CAPAS PARA TRAVESSEIROS (CORES DIVERSAS)
• 50 XÍCARAS COM PIRES (COR BRANCA)
• 30 COPOS DE PLÁSTICO

Agradecimentos


Funcionários da Aldeia de Arcozelo: Elenice dos Santos, Djalma da Conceição e Aluisio José de Medeiros, Chicão Santos (O Imaginário), Sr Nilo, Secretaria Municipal de Educação de Paty do Alferes, Marcos Teixeira, Norma Dumar e
Paschoal Carlos Magno.

Um encontro histórico em um local com muita história

O V Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua (RBTR) foi um sucesso, já que afirma-se como movimento político e como uma rede inclusiva, um espaço físico e virtual onde a solidariedade fortalece seus membros, ao mesmo tempo acirra a luta e o enfrentamento com o estado mínimo e com a ideologia de mercado.
Se ainda ficaram algumas dúvidas, muitas foram sanadas e as definições apareceram nas falas dos presentes. As maiores dificuldades de definição era sobre o que vem a ser um articulador ou esta rede. O articulador é a base ao mesmo tempo em que ajuda a ampliar esta base, ou seja, ao articular, trazendo mais articuladores para a Rede, fortalece a base, o local e o nacional, posto, um ser conseqüência do outro, daí a sua horizontalidade. Um vai e vem em que ninguém é melhor ou maior que o outro, mas que, no entanto, a ação de um reflete no do outro. Ou como disse um articulador do Rio (perdão esqueci o nome), relacionando a definição com o seu corpo: “É a partir da articulação que se gera o movimento.”
Quanto a Rede, foi frisado para não esquecermos sempre de olhar para o lado e para baixo, e eu acrescento para cima e para frente, já que a rede vai em todas as direções, mas se o alvo é nos tornarmos grandes e fortes, precisamos fortalecer o local, pois é de lá que parte o movimento. Afinal, se o articulador está no local e é dele que parte o movimento, eis aí a importância do local para pensarmos no nacional. Embora o articulador não fique limitado por nenhuma fronteira imaginária. Por fim, a melhor definição de Rede veio do poeta popular Edmilson Santini: “Rede é um tecido inteiro em movimento.” Logo, precisamos caminhar juntos, mas sempre olhando para todos os lados, para vê se os demais estão conosco, porque se alguns estiverem caminhando muito a frente a Rede pode romper. Parafraseando o companheiro gaúcho, ainda no encontro em São Paulo: numa escalada, o grupo não pode esquecer o último, pois o ritmo dele dita a velocidade do grupo.
O encontro foi feliz também do ponto de vista da escolha do local, além de lindo, tem também uma história extraordinária. A cidade, Paty do Alferes, surgiu a partir de um caminho alternativo para transportar o ouro que vinha das Minas Gerais, isto é, opunha-se ao caminho de Paraty. A rota foi aberta em 1698. A medida que foi crescendo recebeu diversos nomes: Rossa do Alferes, Sítio do Alferes, Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Alferes e Vila de Paty do Alferes.
Alferes era um cargo que correspondia a 2º Tenente e Francisco Tavares, responsável por patrulhar a região naquele período, emprestou (estranhamente) seu cargo e não seu nome a região. O Tenente, digo o Alferes, começou a plantar para vender alimentos às pessoas que por ali passavam, assim começou o desenvolvimento do lugar.
No século XIX, o local que abrigou o encontro era uma fazenda, com casa grande e senzala, como pode ser constatado pela arquitetura. A região tornou-se produtora de café, abrigava, portanto, além do fazendeiro Manoel Francisco Xavier, muitos escravos. No local há um painel que conta sobre uma revolta dos escravos ocorrida em 1838, o absurdo é que vem escrita em letras pequenas, quando deveriam está em letras enormes. Os líderes foram Manoel Congo e Mariana Crioula. Na fuga/revolta havia oitenta escravos que encontraram-se com outros fugidos das regiões vizinhas. Dezesseis foram capturados e condenados, entre eles, as lideranças; estes, condenados a morte. Os nomes constam da entrada da capelinha que há no lugar. Lá também é possível vê o documento que os condenou à morte, bem como um instrumento de castigo dos escravos.
Pulando para o século XX e, em específico para Aldeia de Arcozelo – para que o texto não fique muito longo – foi inaugurada em 1965, pelo sonhador Paschoal Carlos Magno. A Aldeia tem dois teatros, um ao ar livre e outro fechado. No final da década de 70, querendo manter a Aldeia a todo custo, Paschoal Carlos Magno é obrigado vender a própria casa para pagar dívidas do lugar. Desesperado, em 1979 ameaça incendiar o lugar, já que os governantes não entendiam o seu sonho. Recebeu incentivo de todo o Brasil, que lhe enviaram notas de cruzeiros pelo correio para que pudesse salvar o lugar.
Trinta anos depois (2009) o local ainda necessita de socorro para que não deteriore ainda mais. Apesar de pertencer ao Governo Federal, alguns pavilhões estão em completa ruína e interditados, uma prova de como é tratado nossa história, nossa memória e nossa arte. Portanto o local afirma-se como resistência: resistência ao tempo, ao descaso dos governantes, resistência civil e cidadã, por parte dos escravos que lutaram por liberdade, resistência de Paschoal Carlos Magno, que buscou incentivar as artes brasileira, sobretudo o teatro.
Se o Brasil foi invadido 509 e nove anos atrás, em 2009 o Brasil afirma seus valores, sua arte e sua cultura popular no Encontro da RBTR na Aldeia de Arcozelo, em Paty do Alferes. Não é a toa a data, assim podemos afirmar o verdadeiro Brasil que luta contra a classe dominante que insiste em não vê o verdadeiro Brasil. Por isso nosso encontro em uma aldeia, justamente para reafirmar nossos valores guerreiros. Arcos e flechas nas mãos guerreiros da Rede Brasileira de Teatro de Rua.

Adailton Alves
Buraco d`Oráculo - 10 anos
www.buracodoraculo.com.br