Inscrições abertas para o 3º Festival de Teatro de Rua de Porto Alegre


INSCRIÇÕES ABERTAS



O 3º Festival de Teatro de Rua de Porto Alegre, que será realizado de 01 a 12 de abril de 2011, conta com o financiamento da Lei de Incentivo à Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, patrocínio da Oi e da Caixa Econômica Federal, com apoio da Oi Futuro. É uma realização da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Serviço Social do ComércioSESC/RS e Associação F&S.


As inscrições para a 3ª Edição do Festival, poderão ser efetuadas de 01 dezembro 2010 a 21 de janeiro de 2011, no Centro Municipal de Cultura Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues, na Coordenação de Artes Cênicas, Av. Érico Veríssimo, 307 – CEP 90160-181- Porto Alegre/RS de segunda à sexta-feira das 9h às 12h e das 14h às 17h.

Para concorrer, é necessário enviar fotos, release, rider técnico, um DVD com o espetáculo na íntegra e clipagem com artigos e noticias publicadas sobre o espetáculo. Não serão aceitas inscrições por e-mail.

Maiores informações:

E-mail: cac@smc.prefpoa.com.br ou festivaldeteatroderuaportoalegre@yahoo.com.br

Fones: 051 3289.8061 e 3289.8062 - Artes Cênicas

www.ftrpa.com.br

Carta de Campo Grande/MS

REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA

Carta de Campo Grande/MS

28 de Novembro de 2010

A Rede Brasileira de Teatro de Rua - RBTR, criada em março de 2007, em Salvador/Bahia, é um espaço físico e virtual de organização horizontal, sem hierarquia, democrático e inclusivo. Todos os grupos de teatro, artistas-trabalhadores, pesquisadores e pensadores envolvidos com o fazer artístico da rua, pertencentes a RBTR podem e devem ser seus articuladores para, assim, ampliar e capilarizar, cada vez mais reflexões e pensamentos, com encontros, movimentos e ações em suas localidades.

O intercâmbio da Rede Brasileira de Teatro de Rua ocorre de forma presencial e virtual, entretanto toda e qualquer deliberação é feita nos encontros presenciais, sendo que seus articuladores farão, ao menos, dois encontros anuais de forma rotativa de maneira a contemplar todas as regiões brasileiras, valorizando as necessidades mais urgentes dentro do país. Os articuladores de todos os Estados, bem como os coletivos regionais, deverão se organizar para garantir a participação dos encontros, além da continuidade dos trabalhos iniciados nos Grupos de Trabalhos (GT´s) criados no Oito Encontro, a saber: 1) Táticas de utilização dos espaços públicos; 2) Criação da Lei Programa de Fomento ao Teatro de Rua do Brasil; 3) Desburocratização e Prestação de Contas dos editais.

A Rede Brasileira de Teatro de Rua reunida em Campo Grande- MS, de 24 a 28 de novembro de 2010, em seu 8º Encontro reafirma sua missão de:

· Contribuir para o desenvolvimento do fazer teatral de rua no Brasil e na América Latina, possibilitando as trocas de experiências artísticas e políticas entre os articuladores da rede;

· Criar a lei federal que instituirá o Programa de Fomento ao Teatro de Rua do Brasil e lutar por outras políticas públicas culturais com investimento direto do Estado por meio de fundos públicos de cultura, garantindo assim o direito à produção e ao acesso aos bens culturais a todos os cidadãos brasileiros;

· Lutar por uma regulamentação do uso dos espaços públicos abertos, nas esferas municipais, que garanta o livre acesso à prática artística, considerando as especificidades dos diversos segmentos das artes cênicas e respeitando o artigo 5° da constituição brasileira*.

· Reafirmar a necessidade por um mundo socialmente justo e igualitário que respeite as diversidades regionais.

Os articuladores da Rede Brasileira de Teatro de Rua, com o objetivo de construir políticas públicas culturais mais democráticas e inclusivas, defendem:

· Ampliar o recurso do FIC (Fundo de Investimento Cultural do estado do Mato Grosso do Sul), que é o mais baixo do país, para 1,5% garantindo uma porcentagem específica para o teatro de rua.

· A criação da Lei que instituirá o Programa de Fomento ao Teatro de Rua do Brasil que contempla: produção, circulação, formação, trabalho continuado, registro e memória, manutenção, pesquisa, intercâmbio, vivência, mostras e encontros de teatro de rua, levando em consideração as especificidades de cada região (ex: custo amazônico); A verba para o Programa virá por meio do financiamento direto do Estado e recursos do pré-sal, através dos Fundos Setoriais já constituídos, constando como item orçamentário da União;

· Debater e criar junto ao poder público, marcos legais nacionais para plena utilização dos espaços públicos abertos, extinguindo todas e quaisquer cobranças de taxas, bem como a excessiva burocracia para as apresentações de artistas-trabalhadores, grupos de rua e afins, garantindo assim, o direito de ir e vir e a livre expressão artística, em conformidade com o artigo 5º da Constituição Federal Brasileira;

· Quanto aos prédios passíveis de serem considerados de utilidade pública e que não cumprem sua função social, construir, adequar, equipar para atividades teatrais como: espaços para ensaio, atividades formativas, para sedes de grupos que desenvolvam ações continuadas, para apresentações e atividades afins.

· Impedir a comercialização ou uso do espaço público por eventos de grande porte que impeçam a atividade dos outros trabalhadores da rua, visto que a rua é um espaço democrático, livre e de todos os cidadãos. A adequação técnica e arquitetônica destes espaços como equipamentos culturais (sedes públicas), para atividades artísticas, levando em conta as especificidades dos diversos segmentos das artes cênicas.

· Que os editais federais sejam publicados no primeiro trimestre de cada ano com maior aporte de verbas, liberadas sem atrasos, respeitando os prazos estipulados pelo edital e que seja publicada a lista de projetos contemplados e suplentes, e a divulgação de parecer técnico de todos os projetos avaliados pela comissão.

· Que os editais sejam estruturados e divididos, pensando as realidades de cada Estado, como foi realizado até 2007, e que sejam criadas comissões igualmente regionalizadas e indicadas pelos movimentos artísticos organizados de cada região, bem como a criação de mecanismos de acompanhamento e assessoramento dos artistas-trabalhadores e grupos fazedores das artes cênicas da rua;

· A representação do teatro de rua nos colegiados setoriais e conselhos das instâncias Municipal, Estadual e Federal;

· A aprovação e regulamentação imediata da PEC 150/03 (atual PEC 147), que vincula para a cultura, o mínimo de 2% do orçamento da União, 1,5% no orçamento dos estados e Distrito Federal e 1% no orçamento dos municípios;

· Reformulação da lei 8.666/93 das licitações, convênios e contratos, com a criação de um capítulo específico para as atividades artísticas e culturais, que contemple nas alterações, a extinção de todas e quaisquer formas de contrapartida, considerando que o trabalho artístico de rua já cumpre função social.

· A extinção da Lei Rouanet e de quaisquer mecanismos de financiamentos que utilizem a renúncia fiscal, por compreendermos que a utilização da verba pública deve se dar através do financiamento direto do Estado, por meios de programas e editais em formas de prêmios elaborados pelos segmentos organizados da sociedade;

· Exigimos o apoio financeiro contínuo do MINC/Funarte aos Encontros Nacionais e Internacionais de Teatro de Rua, tendo como foco a América Latina, no valor equivalente ao montante que é repassado àqueles realizados pela Associação dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil e que as estatais contemplem com equidade, em seus editais, o teatro de rua, respeitando o critério de regionalização;

· A imediata contratação de um convênio, com MINC e FUNARTE, para o ano de 2011, para realização do IX e do X Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua.

· Que seja incluído dentro das Universidades, instituições de ensino e escolas técnicas, matérias referentes ao estudo do Teatro de Rua, da Cultura Popular Brasileira e do teatro da América Latina.

· A valorização e financiamento das publicações e estudos de materiais específicos sobre teatro de rua e manifestações da cultura popular e sua distribuição, respeitando sua forma de saber enquanto registro.

· Que o MINC realize uma reforma na diretoria de Artes Cênicas da FUNARTE, transformando as atuais coordenações em diretorias setoriais de Teatro, Circo e Dança.

· Inclusão dos programas setoriais nos mecanismos do Procultura;

O Teatro de Rua é um símbolo de resistência artística, comunicador e gerador de sentido, além de ser propositor de novas razões no uso dos espaços públicos abertos. Assim, instituímos o dia 27 de março, dia mundial do teatro e dia nacional do circo, como o dia de mobilização nacional por políticas públicas, e conclamamos os artistas- trabalhadores, grupos de rua e afins e a população brasileira a lutarem pelo direito à cultura e à vida.

Reunidos nestes cinco dias, ficou decidida a localidade do próximo encontro, que será sediado na cidade de Arco Verde, no Estado de Pernambuco, na região nordeste, no mês de maio de 2011.

“A poesia não compra sapato, mas como andar sem poesia”

Emmanuel Marinho – poeta sul matogrossense

28 de novembro de 2010

Campo Grande- MS

Rede Brasileira de Teatro de Rua

Blog do VIII Encontro

http://rbtrms.blogspot.com/

Relato do VIII Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua

Estivemos reunidos em Campo Grande ,Mato Grosso do Sul ,nos dias 24-28 de novembro. As apresentações e rodas de conversas foram realizadas nas sedes dos grupos locais ,Circo do Mato ,Flor e Espinho e FESMAT(Federação Sulmatogrossense de Teatro),Praça Ari Coelho,Calçadão da Barão de Rio Branco e Arena do Horto Florestal .

O encontro foi harmônico e produtivo onde ocorreu um belo cortejo de abertura, Mostra de Teatro de Rua da Rede Brasileira de Teatro de Rua,roda de conversa e lançamento do livro “Teatro de Rua no Brasil”-(Licko Turle e Jussara Trindade) assim como a participação da atriz e diretora de teatro de rua Teresa Meyer representando o Paraguai e de cinco municípios de Mato grosso do Sul .

Após a apresentação e relatos dos articuladores e suas respectivas localidades,lemos as propostas de pautas que foram colocadas na rede e construímos coletivamente a pauta onde foram discutidos e encaminhados os seguintes temas :

Diferença entre sede pública de um grupo e sede pública na rua,restrição a utilização dos espaços públicos,conhecimento do planos diretor e lei orgânica dos municípios,avaliação do Pro-cultura ,avaliação de governo e suas ações em relação aos combinados,burocracia do SINCOV ,fundo setorial ,o não cumprimento dos editais e prazos por parte da FUNARTE/MINC ,participação dos articuladores da RBTR nos conselhos e colegiados setoriais,autonomia da rede e local do próximo encontro .

Foram produzidas uma carta de repudio ao atraso do MINC, uma carta do encontro e um oficio para o Ministério das Cidades solicitando a requalificação de espaços públicos como equipamentos culturais via PAC, existe também um relatório sobre as discussões diárias . O relato dos encontros esta com o Luciano, a carta e o oficio estão com a Aicha dos Inventivos, além do estabelecimento de gts de trabalho para prepararem algumas metas tiradas para o próximo encontro .

A partir dos exaustivos debates encaminhamos os seguintes GTs e seus respectivos integrantes que terão de construir documentos a serem discutidos na rede virtual e serem apresentados no próximo encontro:

GT-Espaços Públicos

Aisha-Inventivos SP

Rita-Vivarte-AC

Luiz paulo-Rosa dos Ventos-SP

Cleitom-Artimanha-SP

Romualdo-Tropa do Balacobaco-PE

Natália –Parlenda –SP

Fernando-maracangalha-MS

GT -Desburocratização e SINCOV

Luciano –Artimanha-SP

Alexandra-MS

Juliano-Vivarte-AC

Daniela-Vivarte-AC

Guto-RS

GT-Programa Lei de Fomento

Luciano-artimanha-SP

Humberto-Quem tem boca ....-PB

Kuka-Gueto poético-BA

Grasi-Lavrado-RR

Thiago-Pindaíba-MG

Pavanelli-Núcleo Pavanelli-SP

Marcos-Inventivos-SP

Nathalia-Parlendas –SP

Consideramos a realização desse encontro em Campo Grande um marco na história do teatro sulmatogrossense sobretudo para o teatro de rua ,que numa experiência inédita ,um coletivo de cinco grupo vivenciaram ,em processo de construção coletiva do encontro a afirmação da diversidade como possibilidade de resistência e perspectivas futuras .

A presença da RBTR em Campo Grande nos deixa com saudades do futuro .

Viva o Teatro de Rua !Viva a Rede Brasileira de Teatro de Rua!

EvoÉ!

Teatro imaginário Maracangalha

Circo do Mato

Flor e Espinho-Teatro

Teatral Grupo de Risco

Mercado Cênico

Campo Grande 2 de dezembro de 2010.

VIII Encontro da Rede Brasileira de teatro de Rua, em Campo Grande



Campo Grande sediará de 24 a 28 de novembro o VIII Encontro da Rede Brasileira de teatro de Rua, com discussões, debates, reflexões e espetáculos regionais e nacionais com presença de artistas de todo o país.

A Rede Brasileira de Teatro de Rua é formada por movimentos de teatro de todo Brasil, artistas independentes e militantes da cultura que somam não só na quantidade, mas na qualidade dos debates e propostas que visam o fortalecimento e o crescimento de uma rede horizontal e democrática. É importante destacar o conceito de articulador que vem sendo utilizado pelos participantes da Rede e amplamente debatido nos últimos sete Encontros Nacionais. Todos são articuladores e podem se colocar onde considerem necessário e prudente, de forma ética e responsável, levando sempre em conta as decisões e princípios tirados pelo coletivo. Vários foram os motivos que mobilizaram até se chegar a esse consenso e, um deles, é o de que em um Brasil imenso, com diferentes realidades, em um coletivo formado por tantos pensamentos, nenhum deles deve representar o todo. Cada parte desse todo tem a sua visão, a sua particularidade que está ligada pela idéia central que é o Teatro de Rua. O que a princípio pode sugerir falta de organização e superficialidade é o que confere à Rede princípios de horizontalidade, democracia e respeito às diferenças, onde as decisões tendem a ser consensuais e presenciais, apesar da grande atividade no fórum virtual.

Na retrospectiva dos Encontros temos:
I e II Encontros em Salvador na Bahia, 2007 e 2008. III Encontro em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, 2008. IV Encontro em São Paulo, SP, 2008 – Mostra Lino Rojas. V Encontro na Aldeia de Arcozelo, em Paty do Alferes, RJ, 2009. VI Encontro em Rio Branco, no Acre, 2009. E, VII Encontro Nacional no Rio Grande do Sul em 2010.

A cada encontro, mais estados tem participado presencialmente dos encontros e a principal meta do VIII Encontro é trazer articuladores de todos os 27 Estados do País mais o Distrito Federal.

A Rede Brasileira de Teatro de Rua no Mato Grosso do Sul é composta por 05 Grupos, sendo eles; Mercado Cênico, Imaginario Maracangalha, Circo do Mato, Flor e Espinho e Teatral Grupo de Risco, grupos que coletivamente estão realizando este encontro inédito na região Centro-Oeste do Brasil.
A realização do VIII Encontro da RBTR e da Mostra de Teatro de Rua da Rede Brasileira de Teatro de Rua será um marco importante para a cena cultural de Mato Grosso do Sul e da Região Centro-Oeste, reunindo muitos dos mais expressivos artistas e Grupos fazedores de Teatro de Rua do Brasil, contribuindo para a troca de experiências entre estes artistas, para a continuidade de construção do painel das Artes de Rua do País, e contemplando a comunidade que sediará o evento com a qualidade e diversidade de uma mostra gratuita de atividades teatrais aberta ao público.



PROGRAMAÇÃO:

Dia 24

16h Cortejo
Roteiro: FESMAT »» Via Morena »» Fernando Correa »» R.14 »» R. Barão »» R.13 »» Pça Ary Coelho.

17h Apresentação “O Palhaço no 1/2 da Rua”, - Circo do Mato, MS.
Local: Pça Ary Coelho

21h Abertura Oficial do Encontro
Local: Templo (sede Flor e Espinho Teatro)
- Intervenção Poética com Emmanuel Marinho, MS
- Lançamento do Livro “Teatro de Rua no Brasil” de Licko Thurle, RJ
- Confraternização de Abertura.


Dia 25
09h às 11h30 Apresentação dos grupos participantes e construção da pauta do Encontro.
Local: Sede do Circo do Mato.

13h30 Roda de Conversa

16h30 Apresentação – “A Princesa Engasgada” - Teatral Grupo de Risco, MS.
Local: Pça Ary Coelho.

18h Apresentação “O Básico do Circo”, Núcleo Pavanelli, SP.
Local: Pça Ary Coelho.

21h Espaço troca-troca, onde os grupos apresentam suas produções.
Local: FESMAT


Dia 26
9h às 11h30 Roda de Conversa
Local - Sede do Circo do Mato

14h Roda de Conversa
Local: FESMAT

16h30 Apresentação “Tekoha - Ritual de Vida e Morte do Deus Pequeno” – Grupo Teatro Imaginário Maracangalha, MS.
Local: Pça Ary Coelho

17h30 Apresentação “Vale dos Sentidos” – Grupo Tibanaré, MT.
Local: Pça Ary Coelho.

21h Cabaré
Local: FESMAT


Dia 27
9h Apresentação “El Magnífico Duelo” Grupo Desnudos Del Nombre, MS.
Local: Calçadão da Barão

10h Apresentação “A festa da Rosinha Boca Mole...” - Grupo Mamulengo da Folia, PE
Local:

13h30 Roda de conversa e encaminhamentos.
Local: FESMAT

17h Apresentação “Sob Controle” – Grupo Flor e Espinho Teatro, MS.
Local: Pça Ary Coelho

22h Show Tom Zé - FITO
Local: Albano Franco


Dia 28
10h às 12h Roda de Tereré
Local: Pça do Horto Florestal
Criação da Carta de campo Grande

14h às 18h Roda de Tereré
Local: Pque das Nações Indígenas
Finalização da Carta, Cortejo e leitura pública da carta

CARTA DE JOÃO PESSOA

Reunidos no "1º encontro para reflexão do Teatro de Rua do Nordeste", ocorrido nos dias 22, 23 e 24 de outubro de 2010, na cidade de João Pessoa – Paraíba, evento promovido pelo Grupo "Quem Tem Boca é Pra Gritar", com a participação dos grupos de teatro de rua dos estados nordestinos, que ao término da presente Carta subscrevem-na, passam a deliberar e consignar o que abaixo segue:
Entendendo a necessidade de fortalecimento do teatro de rua do nordeste, comungamos a criação de um movimento de articulação para integração de todos que atuam na cena na rua, denominado "Fazedores de Teatro de Rua do Nordeste".
Tendo em vista a constante política de "burocratização" dos equipamentos públicos – praças, logradouros e vias públicas, que algumas prefeituras estabeleceram e que dificulta o acesso ao fazer cultural, propomos o encaminhamento desta Carta para o Ministério Público a fim de que sejam tomadas as providências cabíveis para que o direito constitucional à Cultura, inerente a todos cidadãos, seja cumprido e para tanto seja firmado um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta.
Buscando a sustentabilidade dos "Fazedores de Teatro de Rua do Nordeste" e o fomento de políticas públicas para rua, entendemos que os editais devem ter parâmetros igualitários quanto aos valores destinados, bem como, dentro dos editais da esfera federal sejam restauradas as cotas por Estados; e que nas esferas estaduais e municipais sejam criados editais específicos para rua, destinado-se cotas, também especificas, para circo, teatro e dança. Outrossim, entendemos que após lançados os editais e os projetos aprovados seja, veementemente, proibida a alteração de valores e readequação unilateral.
Visto as dificuldades enfrentadas para a realização do "Festival de Teatro de Rua do Recife" promovido pelo "Movimento de Teatro popular de Pernambuco" esta carta deixa deliberado o apoio irrestrito ao mesmo e reitera a importância do festival para o teatro de Rua do Brasil.
No 1º Encontro para Reflexão do Teatro de Rua do Nordeste ficou estabelecido o empenho constante dos participantes comprometendo-se os mesmos com o cumprimento do que fora aqui estabelecido, bem como com o intercâmbio entre si e junto à Rede Brasileira de Teatro de Rua visando o fortalecimento constante das ações, garantindo a liberdade do fazer, respeitando-se ideologias políticas, estéticas, formas, expressões e éticas diversas inerentes à cena.
Foi aceita a proposta do grupo "O Pessoal do Tarará" para que o próximo encontro seja no mês de janeiro de 2011 na cidade de Mossoró – RN.


Fazedores Participantes:


Associação Teatral Joana Gajuru - Maceió-AL


Alegria Alegria - Natal-RN

Cia de Circo de Teatro Lua Crescente - João Pessoa-PB

Grupo de Teatro Quem Tem Boca é Prá Gritar - João Pessoa-PB

Grupo Teatro de Caretas - Fortaleza-CE

Associação de Teatro de Olinda - PE

Gaio - PE

Ifhá-Rodhá-D`art-Negra - Olinda-PE

Locomotiva de Teatro - João Pessoa-PB

Núcleo de Pesquisadores de Teatro de Rua

O Pessoal do Tarará - Mossoró-RN



João Pessoa, 24 de outubro de 2010.

CARTA ABERTA DO MTR/SP (lida na manifestação do dia 23 de Agosto de 2010)

CARTA ABERTA DO MTR/SP A FAVOR DA LIBERAÇÃO DOS ESPAÇOS PÚBLICOS ABERTOS PARA A REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES ARTÍSTICAS.

Esta carta é um protesto contra as perseguições abusivas por parte do aparelho estatal contra as artes populares. Chegamos à primeira década do século XXI e os artistas populares e a arte que produzem continuam relegadas ao esquecimento ou sofrendo constantes ameaças.
Perseguição aos artistas, fechamento ou ameaça de fechamento de espaços culturais geridos por coletivos, rígida fiscalização, atores apanhando da polícia, proibição de eventos em praças públicas, tudo isso ocorrendo em 2010 em diversos lugares do Brasil. O que está ocorrendo? Onde ficam os direitos garantidos pela Constituição?

“é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”
Constituição Brasileira, artigo 5º termo IX
Toda e qualquer arte que se coloca como contra hegemônica, vem sofrendo perseguições. A constatação é dura, mas a realidade pode ser ainda muito mais.
Após a realização do FORUM da 5º MOSTRA LINO ROJAS DE TEATRO DE RUA em Julho de 2010, discutindo as dificuldades dos grupos em realizar suas atividades pelas ruas, nós do MTR/SP (Movimento de Teatro de Rua da cidade de São Paulo) coletamos diversos relatos de grupos de teatro de rua a respeito desses entraves. Os relatos denunciam a falta de respeito ao artigo 5º da Constituição Brasileira.
Porém, ao investigarmos, facilmente nos deparamos com casos onde grandes produções ou jovens artistas que se enquadram na ditadura do mercado tem sido apoiados com muito dinheiro via leis de incentivo como a Rounet.
Enquanto isso as artes populares sofrem com despejos, falta de apoio e reprimendas policiais.
Exigimos um posicionamento das gestões públicas e o apoio da população para que seja garantida aos artistas populares a liberdade de expressão e de trabalho com dignidade.
Arte não é luxo, nem lixo. Ela pode e deve ser feita na rua.

São Paul
o, 23 de Agosto de 2010
MTR/SP

Movimento de Teatro de Rua da Cidade de São Paulo
(O Movimento de Teatro de Rua da Cidade de São Paulo (existente desde 2002) agrega diferentes grupos e companhias de teatro de rua, pensadores e afins que visam a construção de políticas públicas permanentes que garantam a continuidade de pesquisa, produção e circulação do teatro de rua nessa cidade. O Movimento propõe ações que possibilitam o desenvolvimento de reflexões sobre o teatro de rua em âmbito nacional, bem como sobre sua relação com a cidade. Os integrantes do movimento de teatro de rua da cidade de São Paulo defendem a valorização do espaço público aberto como local de criação, expressão e encontro, compreendendo que assim esse espaço torna-se ambiente propício à ampliação da cidadania de quem com ele se relaciona.)

Carta da RBTR ao MINC/ FUNARTE

Ao Ministério da Cultura


Ministro Juca Ferreira

À Fundação Nacional de Arte

Presidente Sérgio Mamberti

À Diretoria de Artes Cênicas

Diretor Marcelo Bones



Prezados Senhores,



A Rede Brasileira de Teatro de Rua, criada em março de 2007, em Salvador/Bahia, é um espaço físico e virtual de organização horizontal, sem hierarquia, democrático e inclusivo, presente em todos os estados brasileiros. Todos os artistas-trabalhadores, grupos de rua e afins pertencentes a RBTR podem e devem ser seus articuladores para, assim, ampliar e capilarizar, cada vez mais, suas ações e pensamentos.

A RBTR reafirma sua missão de:

• Contribuir para o desenvolvimento do fazer teatral de rua no Brasil e na América Latina;

• Lutar por políticas públicas culturais com investimento direto do Estado, por meio de fundos públicos de cultura, garantindo assim o direito à produção e ao acesso aos bens culturais a todos os cidadãos brasileiros;

• Possibilitar as trocas de experiências artísticas entre os grupos de teatro da rede;

• Reafirmar a necessidade de uma nova ordem por um mundo socialmente justo e igualitário.

Mobilizados para a discussão e elaboração das diretrizes para a utilização do Fundo Setorial para o Circo, a Dança e o Teatro, encaminhamos ao Ministério da Cultura e à Fundação Nacional de Arte as seguintes propostas:



- Que no edital "Programação de Espaços Cênicos" seja aceita a proposta de Sedes Públicas com projetos de ocupação artística de espaços públicos abertos por grupos e coletivos de Teatro de Rua. Sedes Públicas são praças, parques e outros espaços abertos onde grupos atuam com freqüência realizando apresentações, ensaios, oficinas, reuniões e outras atividades teatrais.



- Que seja explicitado nos novos editais e que tenha condições igualitárias a modalidade: teatro em espaços públicos abertos



- Que seja revisto o valor destinado aos Produtores Independente/Empresas Produtoras em relação aos outros editais. Apoiamos a proporcionalidade de 3x1 (Núcleos com trabalhos continuados x Produtores Independentes/Empresas Produtoras).



- Que a Comissão de Seleção seja regionalizada como garantia de representação estadual, tendo a participação de pessoas conhecedoras dos aspectos culturais, dos grupos e das pessoas verdadeiramente comprometidas com o seu fazer para seleção dos projetos apresentados.



- Que os participantes das Comissões de Seleção sejam pessoas com conhecimento e atuação no teatro feito em espaços abertos e espaços fechados.



- Que o Fundo Setorial para o Circo, a Dança e o Teatro seja lançado na primeira quinzena de agosto de 2010 e que o total investido seja aumentado tendo em vista a abrangência destas três áreas. Conforme documento entregue ao Secretário Gustavo Vidigal, no dia 02 de junho de 2010, em Brasília.



O Teatro de Rua é um símbolo de resistência artística, comunicador e gerador de sentido, além de ser propositor de novas razões no uso dos espaços públicos abertos. Mais do que lícito, o teatro de rua presta um serviço imensurável ao desenvolvimento da cidadania, levando conhecimento, saber e entretenimento com acessibilidade gratuita para todas as classes sociais. Para além de uma expressão estética nosso ofício é impulsionado pelo sonho de uma sociedade mais justa e fraterna, pelo direito universal à cultura e à vida.



Agradecemos pela atenção dos senhores.



“A rua é sempre o firmamento de toda arte”

Ray Lima

29 julho de 2010



Rede Brasileira de Teatro de Rua – RBTR

www.teatroderuanobrasil.blogspot.com

Carta Pororoca

Reuniram-se os articuladores da RBTR – Rede Brasileira de Teatro de rua (AC, AM, AP, BA, DF, MA, MG, MT, PA, RJ, RN, RO, RR, RS, SP, TO) em Porto Velho, Rondônia, de 16 a 25 de Julho de 2010, no 1º Seminário Amazônico de Teatro de Rua e 3º Festival Amazônia Em Cena na Rua, juntamente com a Rede Teatro da Floresta.

A Rede Teatro da Floresta busca uma biopolitica construída por artistas/articuladores do Teatro da Amazônia. A Rede entende que o Brasil, com todas as suas instituições e mecanismos de políticas culturais para as artes do teatro, não poderá continuar míope quanto aos artistas do norte do país e suas poéticas e procedimentos cênicos, e principalmente, deixar de reconhecer o que significa o CUSTO AMAZÔNICO do fazer cultural/teatral em nossa região, implicando uma compreensão das dimensões histórica, geográfica, sócio-política, econômica e imaginária de nossa terra e tribos.

Quais são as ruas desses encontros de redes em Rondônia?

O asfalto, uma estrada de piçarra, uma trilha de mata, um igarapé, uma beira de rio, um alto-mar de água doce, o alto de um barranco, a profundeza de uma gigantesca cova de extração mineral, um “Q” de pedaço de céu aberto. Todas essas ruas são de uma “lonjura” e de uma largura amazônicas, que implicam custos tão imensos, do tamanho dessas geografias.

Nessas ruas, há sempre um teatro-troca entre artistas-índios, artistas-quilombolas, artistas-árabes, artistas-orientais, artistas-brancos - todos misturados como uma encantaria. Todos esses “imaginados”, “imaginários”, “reais” - fazedores de teatro - apresentam-se compondo o Teatro da Floresta, que associados a RBTR – Rede Brasileira de Teatro de Rua – criaram neste evento de Teatro de Rua, um fenômeno singular: a primeira POROROCA (encontro) de duas grandes redes de teatro do Brasil.

Juntos, nós teatreiros deste Brasil da diversidade, queremos reivindicar ações efetivas com o objetivo de construir políticas públicas para o teatro, mais democráticas e inclusivas, tais como:



• Que os editais sejam regionalizados e sejam criadas comissões igualmente regionalizadas e indicadas pelos artistas, bem como a criação de mecanismos de acompanhamento e assessoramento dos artistas-trabalhadores e grupos de Teatro da Floresta;

• Que dentro desta compreensão de regionalização, possa a Rede Teatro da Floresta, com transparência de critérios, gerir com autonomia a distribuição da verba destinada aos editais do setor para região Amazônica.

• Que o MINC crie três representações do próprio Ministério, com escritórios da FUNARTE, iniciando desta forma a expansão pela região norte na perspectiva de abrangência de todo território brasileiro.

• Com vistas ao reconhecimento do custo amazônico (em anexo), garantido nas principais diretrizes da 2ª Conferencia Nacional de Cultura. se faz necessária a criação de programas específicos que contemplem, na perspectiva de uma reparação: a produção, circulação, formação, registro e memória, manutenção, pesquisa, intercâmbio, vivência, mostras e encontros do Teatro da Floresta.

• A aprovação e regulamentação imediata da PEC 150/03 (atual PEC 147), que vincula para a cultura, o mínimo de 2% do orçamento da União, 1,5% no orçamento dos estados e Distrito Federal e 1% no orçamento dos municípios;

• Reformulação da lei 8.666/93 das licitações, convênios e contratos, com a criação de um capítulo específico para as atividades artísticas e culturais, que contemple nas alterações, a extinção de todas e quaisquer formas de contraprestação financeira, considerando que o trabalho artístico de rua já cumpre função social.

• A extinção da Lei Rouanet e de quaisquer mecanismos de financiamentos que utilizem a renúncia fiscal, por compreendermos que a utilização da verba pública deve se dar através do financiamento direto do Estado, por meios de programas e editais em formas de prêmios elaborados pelos segmentos organizados da sociedade;

• Criação de um programa interministerial (exemplo: MINC/MINISTÉRIO DAS CIDADES) em parceria com os Estados e Municípios para a construção e/ou reforma de espaços públicos (praças, parques e outros), adequando-os as necessidades dos artistas e trabalhadores das Artes de Rua, além da inclusão imediata destes espaços no programa de construção dos equipamentos culturais do PAC.

• Que os espaços públicos (ruas, praças, parques, entre outros), sejam considerados equipamentos culturais e assim contemplados na elaboração de editais públicos, Plano Nacional de Cultura e outros;

• Garantir a aplicação dos recursos obtidos através da extração do petróleo na região pré-sal, a extração de minérios e usinas hidroelétricas da Amazônia, para o Teatro da Floresta.

• A criação de um programa nacional de ocupação de propriedades públicas ociosas, para sede do trabalho e pesquisa dos grupos de teatro de rua;

• A extinção de todas e quaisquer cobranças de taxas, bem como a desburocratização para as apresentações de artistas-trabalhadores, grupos de rua e afins, garantindo assim, o direito de ir e vir e a livre expressão artística, em conformidade com o artigo 5º da Constituição Federal Brasileira;

• Que os editais para as artes sejam transformados em leis para garantia de sua continuidade, levando em consideração as especificidades de cada região (ex: custo amazônico);

• Que quaisquer editais públicos ou privados tenham maior aporte de verbas e que seja publicada a lista de projetos escritos, contemplados e suplentes, e a divulgação de parecer técnico de todos os projetos avaliados, para garantir a lisura do processo;

• Promover o maior intercâmbio entre o Brasil e demais países da América Latina, através de programas específicos (exemplo: países que integram a Amazônia internacional);

• Exigimos o apoio financeiro da FUNARTE aos Encontros Regionais, Nacionais e Internacionais, no valor equivalente ao montante que é repassado àqueles realizados pela Associação dos Festivais Internacionais de Artes Cênicas do Brasil.

• Propomos como indicativo a inclusão nas Universidades, instituições de ensino e escolas técnicas, matérias referentes ao estudo do Teatro de Rua, da Cultura Popular Brasileira e do teatro da América Latina, bem como estas IES garantam o registro e a constituição histórica da diversidade cênica do Teatro da Floresta e obrigatoriamente um estudo do imaginário da Amazônia.

• A valorização e financiamento das publicações e estudos de materiais específicos sobre teatro de rua e manifestações tradicionais Amazônicas, inclusive as contemporâneas, respeitando sua forma de saber enquanto registro.

• Que o MINC realize uma reforma na diretoria de Artes Cênicas da FUNARTE, transformando as atuais coordenações em diretorias setoriais de Teatro, Circo e Dança.

• Inclusão dos programas setoriais nos mecanismos do Pro cultura;



O Teatro da Floresta constituiu esta carta tendo como apoio as cartas desenvolvidas nos encontros presenciais da Rede Brasileira de Teatro de Rua, endossando que o Teatro de Rua é um símbolo de resistência artística, comunicador e gerador de sentido, além de ser propositor de novas razões no uso dos espaços públicos abertos. Levando em consideração as especificidades e a diversidade da região e do povo amazônico, com suas vozes, experiências e saberes.



Reunidos nestes 10 dias, ficou acordado que os próximos encontros da Rede Teatro da Floresta serão sediados nos festivais de caráter nacional e internacional da região amazônica.





25 de Julho de 2010

Praça das Caixas D'água, Porto Velho / RO

Rede Teatro da Floresta

http://redeteatrodafloresta.ning.com/







Anexo:



CUSTO AMAZÔNICO



Existe uma região no Brasil composta por indígenas, europeus, asiáticos, negros africanos, caboclos e nordestinos brasileiros migrados, e principalmente, e quase totalmente, por uma mistura-mesclada de todos os outros citados, o “Homo amazonius”, ser humano adaptado ao seu território.

Formada pelos sete Estados da região norte, mais parte do Maranhão e parte do Mato Grosso, esta região, a Região Geoeconômica da Amazônia ou Complexo Regional Amazônico, ocupa 59% por cento do território desse país, cerca de 5,1 milhões de quilômetros quadrados de barreiras geográficas, que obriga o ser humano adaptado a, dentro de um único Estado, levar 32 horas de viagem fluvial para ir de um município a outro, sem opção terrestre ou aérea. Ou, dentro de um único município, percorrer 900 km de um distrito até a sede urbana, por terra (digo, lama), sem opção fluvial ou aérea.

Ser humano adaptado a apenas duas estações: a de poeira, no verão, e a de lama, no inverno, se estiver em área terrestre, e a de lama, no verão e de muita água, no inverno, se for ribeirinho. O Clima equatorial úmido, predominante na região, gera altas taxas de precipitação pluviométrica. No verão chove todo dia, no inverno chove o dia todo. Em qualquer das situações, terá que enfrentar a malária, a dengue, a leishmaniose, e, a cada novo período de lama, o aumento de cerca de 40% no preço dos alimentos e medicamentos que podem ser comprados (se tiver onde comprar). Quem tem equipamentos eletrônicos ou qualquer outro bem com um mínimo de sensibilidade à umidade, necessita de um estado permanente de manutenção ou perda total de documentos, objetos, acervos.

Em centenas de lugarejos e comunidades de dezenas de municípios paga-se muito e arrisca-se a vida para simplesmente ir e vir, pois as únicas vias de acesso são os rios e igarapés da maior bacia hidrográfica do planeta, com quatro milhões de quilômetros quadrados só na Amazônia brasileira. Os barcos, meios de transporte predominantes na região, no geral, não têm equipamentos de segurança, a maioria não possui coletes salva-vidas, proteção contra o escapamento de fumaça do motor e nem contra o eixo de funcionamento (gerando um dos índices mais elevados de escalpelamento do mundo), sem conforto e limpeza. Ainda assim, é caro. O diesel que alimenta esses barcos sai de São Sebastião (SP) e percorre de 6 a 10 mil quilômetros para ser consumido e, nisso, entre navios, barcos, caminhões e muitos dias de viagem, gasta 10 milhões de reais, transformando-se no diesel mais caro do país.

Esse mesmo diesel torna a energia 5 vezes mais cara na região, pois é gerada em usinas termelétricas alimentadas...pelo diesel, que, além, jogam no ar, por ano, o equivalente a toda a frota de veículos da cidade de São Paulo no mesmo período. Com essas condições, existem distritos, comunidades e até regiões da Amazônia brasileira sem energia elétrica. Também, no trecho amazônico da transamazônica, 66% da população não têm água encanada e 27% não tem instalações sanitárias.

O ser humano adaptado, mesmo o mais adaptado, com toda a certeza prefere condições mais adequadas de vida. Disse adequadas. Ele não precisa de um prédio de apartamentos, nem de um carro do ano, alguns nem de trabalho precisam, pois já tem, mas de condições sanitárias melhores, comodidades que a energia elétrica estável permite, água encanada, médico, escola, arte, reconhecimento cultural. Os governos, sem disposição política de chegarem até essas pessoas, passaram anos estimulando o êxodo e hoje 73% da população amazônica vive nas cidades. Estes enfrentam problemas semelhantes aos das cidades do sul e do sudeste do Brasil (bolsões urbanos de desemprego, violência, drogas, sobrevida), mas, sem infraestrutura. Os outros, mais adaptados, que por algum motivo continuam na floresta ou nas beiras de estradas e de rios, sobrevivendo da pesca, do extrativismo vegetal ou da agricultura familiar, parecem ter menos direitos sociais de cidadania que os das cidades (eles não vivem nas cidades mesmo).

Sim, as políticas públicas no Brasil apresentam vários problemas. Mas, para a Amazônia, submetem o amazônida a um processo econômico que não o considera, não considera as características da região e, por conseguinte, não respeita a sua cultura. Repete experiências que deram certo noutros contextos culturais e naturais, concebe povo e natureza como primitivos e atrasados. A idéia de desenvolvimento sustentável, que considera o meio e seu sujeito, insere suas necessidades presentes e prevê condições futuras, não é essencial nessas políticas, aparece limitada a alguns programas de alguns órgãos dos setores ambientais. Ou seja, a grandeza, a riqueza e a diversidade da floresta são reconhecidas, mas o ser humano que a habita, não.

Falemos então dos custos disso. Esta região possui o 3º Produto Interno Bruto do Brasil (perdendo para o Centro-Sul e para o Nordeste), com uma economia baseada no extrativismo animal, vegetal e mineral. Algumas multinacionais estão instaladas na região, sobretudo na serra dos Carajás (Pará), de onde se extrai parte do minério de ferro do país. Alguns pólos industriais se destacam na região, a saber, o Pólo Petroquímico da Petrobras, com extração de petróleo e gás natural nos poços de Urucu, em Coari/AM, o Pólo Industrial de Manaus (PIM) e o Pólo de Biotecnologia, também em Manaus. O PIM fabrica a maioria dos produtos eletrodomésticos brasileiros valendo-se de uma política governamental de isenção de impostos.

Ainda que Manaus seja o terceiro Estado brasileiro em PIB per Capita, com R$ 13.534, Belém, Boa Vista e Palmas estão entre os do fim da fila, com R$ 4.875, R$ 4.749 e R$ 4.392, respectivamente. No ranking do Indice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Estado que chega mais perto do topo é o Mato Grosso, em 11º lugar. Vai seguido sequentemente pelo Amapá, Amazonas, Rondônia, Tocantins, Pará, Acre e Roraima. O Maranhão é o penúltimo. O Acre tem o município líder na taxa de analfabetos: 60,7% dos 4,45 mil habitantes de Jordão não sabem ler ou escrever.

(Para falarmos um pouquinho de teatro, segundo o Anuário de Estatísticas Culturais, publicado pelo MinC em 2009, a Região Norte tem 46 teatros, perde para todas as regiões. Não vou nem falar dos 689 teatros do Sudeste. Os últimos cinco Estados da lista em quantidade de teatros são do Norte. A maioria dos equipamentos teatrais da região, senão todos, fica nas capitais. Palmas (TO), por exemplo, tem um teatro para 220 mil habitantes).

Considerando que isso seja resultado de uns quatro séculos de exploração em favor das metrópoles e da nação, ainda é um lugar onde o de fora aponta o que deve ser valorizado e explorado, indica o tipo de cultura apreciável, mostra o que se esperar para o futuro. Uma história de anulação da identidade cultural do ser humano da região, uma imposição de valores. Assim, a Região Geoeconômica da Amazônia ou Complexo Regional Amazônico, entrou nesse século com sua identidade cultural em risco de desaparecimento, substituida por uma imagem estrangeira de exotismos, sem um projeto firme de desenvolvimento adequado à sua gente e à sua diversidade de expressão.

Há uma situação a ser reparada, cuja responsabilidade é da nação. Há um reconhecimento a ser deflagrado sobre as possibilidades de um ser moderno, integrado à natureza, mesmo que em centros urbanos, sujeito da sua própria cultura (no caso dessa região, pela diversidade, diremos: culturas), capaz de escrever sua história. Atitude de grandeza humana para além de detrimentos entre regiões e sim de completude de uma expressão nacional. O “Homo amazonius” deve apontar seus próprios modelos, com o respeito e o reconhecimento das demais populações brasileiras.



População da Amazônia em 2009 (estimado)

24.728.438



Fontes:

Revista Veja Especial Amazônia, editora Abril, ano 42, setembro 2009. http://veja.abril.com.br/especiais/amazonia/index.html

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=354

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_estados_do_Brasil_por_IDH#IDH_Renda

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142002000200008 Amazônia: uma história de perdas e danos, um futuro a (re)construir. de Violeta Refkalefsky Loureiro (mestre em Sociologia pela Unicamp, doutora em Sociologia pelo Institut des Hautes Études de l'Amérique Latine (Paris) e professora da Universidade Federal do Pará).

http://www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2009/10/cultura_em_numeros_2009_final.pdf

http://www.amazonia.org.br/